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Em março do ano passado, o ex-porteiro Claudimar Araújo foi detido pela Polícia Militar sob suspeita de estar dirigindo embriagado. O problema é que, na verdade, ele estava sofrendo um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Quase um ano e meio depois, o homem venceu, em primeira instância, uma ação contra o Estado do Paraná, que deve pagar uma indenização de R$ 40 mil mais um valor mensal de R$ 735,75, correspondente ao salário que ele recebia antes de ficar desabilitado.

A determinação está vinculada a uma ação de concessão de auxílio-doença concedida pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que será paga a Araújo enquanto ele for considerado incapaz de trabalhar. De acordo com a determinação da 6ª Vara da Fazenda Pública, o pagamento de pensão pelo Estado deverá acompanhar a decisão do INSS.

Para as advogadas de Araújo, Amaralina Linzmayer e Ana Paula Bettega Joaquim, a decisão foi justa. "Esperamos que a determinação seja cumprida e que ela abra precedentes para eventuais erros policiais no futuro", diz Amaralina. Uma abertura de sindicância foi pedida para determinar quem foram os policiais responsáveis pelo erro, mas não houve resposta. "Isso é péssimo, porque mantém policiais despreparados atuando na segurança do cidadão", comenta a advogada.

As sequelas deixadas pelo AVC e pela demora no atendimento são sérias. "O lado direito do corpo dele está paralisado, o que impossibilita que ele escreva ou se comunique direito", conta a mulher de Araújo, Rosiane Ferreira Soares, que precisa trabalhar à noite para poder passar a tarde com o marido, que tem 43 anos e dois filhos de outro casamento.

Procuradoria vai recorrer

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Procuradoria Geral do Estado do Paraná informou que vai recorrer da decisão, já que tem como regra de funcionamento reduzir os custos do Estado.

Entenda o caso

Perto das 23h35 do dia 22 de março de 2012, o Batalhão de Trânsito da Polícia Militar (BPTran) deteve o motorista de um Uno, que estava trafegando em zigue-zague pela Avenida Victor Ferreira do Amaral, no bairro Tarumã, em Curitiba. O Boletim de Ocorrência (BO) afirmava que o motorista Claudimar Araújo, então com 42 anos, dirigia "com sinais visíveis de embriaguez."

Ele foi detido e encaminhado à Delegacia de Trânsito (Dedetran), onde foi autuado. Uma hora depois, já na madrugada de sexta-feira, a família foi chamada para buscar Claudimar, que na verdade sofria um Acidente Vascular Cerebral (AVC) desde antes de ser abordado pelos policiais.

O motorista saiu da delegacia carregado nos braços dos familiares, já que não falava, não respondia a qualquer pergunta, vomitava e estava com o lado esquerdo do corpo todo paralisado. Ele foi levado imediatamente ao Pronto Socorro do Hospital Evangélico, onde o médico diagnosticou o rompimento de uma veia dentro do cérebro, no lado direito da cabeça. "O médico disse que ele teve um AVC e tinha um coágulo no cérebro. Ele teve que passar por uma cirurgia de emergência para retirar o sangue", contou Rosiane.

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