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A Secretaria da Segurança Pública admitiu que oito dos casos classificados como “morte suspeita” no primeiro semestre de 2015 pela Polícia Civil eram, na verdade, homicídios. A pasta informou que, após a reclassificação, eles foram incorporados às estatísticas deste crime. Até a quinta-feira (3), porém, nenhum dos casos constava dos números oficiais.

Um dos casos se refere à morte de Caio Augusto Vasconcellos de Tilio, de 28 anos, ocorrida em abril após uma briga no centro da capital. Tilio foi espancado por quatro pessoas. Na primeira resposta da secretaria, feita por meio de uma planilha entregue pelo secretário, a pasta admitiu que o caso era homicídio.

O crime e o inquérito policial foram instaurados pelo 2.º Distrito Policial (Bom Retiro). Se estivesse contabilizada nas estatísticas do mês de abril de 2015, a morte de Tilio deveria constar dos números oficiais da Segurança, mas, naquele mês, o site da pasta não traz nenhum homicídio registrado no 2.º DP.

Especial: Crime sem castigo

Relembre a série de reportagens de 2013 da Gazeta do Povo. Durante um ano e meio, a reportagem analisou mais de 145 mil páginas de inquéritos policiais referentes a mil homicídios dolosos (com intenção de matar) em Curitiba. Todos os crimes ocorreram entre 2010 e 2013.

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Outra morte fora das estatísticas, em que a equipe de Moraes admite o homicídio, é a de um morador de rua ferido na cabeça e atendido no Hospital Estadual da Vila Alpina, na zona leste. Para ele, a planilha de Moraes primeiro mostrava o caso como “lesão corporal seguida de morte”. Questionada sobre a falta de investigação, a pasta, por meio de nota, admitiu que se tratava de homicídio. O 56.º Distrito Policial (Vila Alpina) deveria ter ao menos um caso de homicídio em junho. Não tem.

O terceiro registro é a morte de outro morador de rua, Edgar Alves da Silva, de 37 anos, esfaqueado. O 5.º DP (Aclimação) também não traz registro de nenhum homicídio no mês de março, o da morte do morador de rua.

Em outros cinco casos, foi preciso comparar o número de boletins de ocorrência registrados em cada delegacia com o número de casos incluídos nas estatísticas publicadas pela secretaria. Dessa forma, foi possível verificar que havia menos registros nos números oficiais, divulgados no site da Segurança Pública, do que a quantidade de BOs de casos considerados como homicídios pela pasta.

O primeiro deles, sobre a morte de Adelmir Moreira, de 43 anos, não foi localizado na estatística do 74.º DP (Parada de Taipas). O segundo, de uma vítima morta a pedradas na região central, não foi encontrado entre os registros de maio do 3.º DP (Campos Elísios). Os outros três deveriam estar entre os dados de homicídios do 50.º DP (Itaim Paulista), do 64.º DP (Cidade A. E. Carvalho) e do 20.º DP (Água Fria), mas, até ontem, não estavam.

Por fim, há um latrocínio admitido pela secretaria que também está fora das estatísticas. É a morte do pedreiro Antonio Gomes de Brito, de 57 anos, registrado em abril no 11.º DP (Santo Amaro).

Procurada na quinta-feira, a pasta não informou se os casos seriam contabilizados nas estatísticas oficiais.

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