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Enquanto os assassinatos sofreram queda de 72,21% nos últimos 15 anos, as mortes decorrentes de ação policial avançaram 7,95%, segundo dados do sistema municipal PRO-AIM e do Estado. Em 2014, foram 1.661 homicídios dolosos, índice inferior ao registrado no ano 2000, quando houve 5.979 assassinatos na capital paulista. Já a letalidade policial aumentou no período, subindo de 327 para 353 casos notificados.

O índice de letalidade registrado no ano passado é o maior da série histórica. Ele representa 21% do total de morte violenta intencional (MVI), uma categoria do Fórum Brasileiro de Segurança Pública que mede o impacto das mortes provocadas por policiais. A média nacional é de 5%, conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública - feito pelo Fórum.

Um em cada 4 mortos por policiais na capital paulista tem entre 13 e 17 anos

Dado foi apurado em um estudo inédito, realizado pela prefeitura de São Paulo e pela USP

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O resultado de São Paulo é considerado “significativo” pelo estudo. Para aferir o quanto a letalidade policial representa no universo de assassinatos, o índice de MVI agrega dados de homicídios dolosos, de lesão corporal seguida de morte, de latrocínio, de vitimização policial e de morte decorrente de ação policial, tanto em serviço quanto de folga.

“O peso das mortes cometidas por policiais é muito alto. Uma a cada cinco pessoas que são mortas na cidade de São Paulo é pela polícia”, afirma a socióloga Jacqueline Sinhoretto, coordenadora do Gevac.

Feridos

O estudo mostra ainda que o número de mortos pelas polícias paulistas, entre 2013 e 2014, é maior do que a quantidade de feridos. Foram 528 mortes no período, ante 390 feridos. “O treinamento de tiro defensivo da Polícia Militar é para não atirar nas áreas vitais. Seria esperado um número de feridos superior ao de mortos. Essa é a orientação da PM”, argumenta Jacqueline. “Mas o que verificamos nos dados não é isso. O que evidencia que alguma coisa no uso da força policial não está funcionando bem.”

Para o consultor de segurança pública e coronel da reserva José Vicente da Silva Filho, no entanto, os números não contrariam a orientação da polícia. “O treinamento do policial é para dar dois tiros seguidos no tórax do opositor. A chance é muito maior de matar do que de ferir”, afirma. “Policial não é treinado para atirar na perna ou no braço.”

Segundo o coronel, a orientação para efetuar dois disparos é porque o agente “não pode se dar ao luxo de dar um tiro e errar” em confrontos. “Infelizmente, é a dura realidade. Por que o policial porta arma? Porque há uma série de condições de conflito em que essa arma pode ser necessária para neutralizar a pessoa.”

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