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Como aconteceu a tragédia de Goiânia |
Como aconteceu a tragédia de Goiânia| Foto:

O Conselho Regional de Medicina (CRM) do Paraná poderá pedir a intervenção do Hospital da Criança, em Ponta Grossa. Segundo o CRM, a qualidade de atendimento chegou a um nível insustentável e são necessárias medidas emergenciais. Uma reunião está agendada para a próxima semana, mas antes disso uma equipe de fiscalização deverá fazer uma vistoria na unidade.

Médicos do Hospital da Criança denunciaram ao CRM que não têm as mínimas condições de trabalho. Entre os problemas relatados estão falta de ar comprimido, demora para a realização de exames simples (como hemograma e raio X), poucos profissionais e equipamentos quebrados ou em número insuficiente. A prefeitura de Ponta Grossa teria alegado que não tem capacidade para investir mais na unidade (os governos municipais são responsáveis apenas pelo atendimento básico, em postos de saúde).

"É o máximo de precariedade. Isso é preocupante para a assistência da população e para o exercício da profissão", afirma o ex-presidente do CRM Élcio Soares, que acompanha o caso. Segundo ele, se nenhuma medida for tomada, o Ministério Público e a Vigilância Sanitária serão acionados para uma fiscalização conjunta, que pode resultar no fechamento da unidade. Segundo o representante do CRM em Ponta Grossa, Luiz Jacintho Siqueira, os médicos temem que a falta de estrutura resulte em danos para o paciente. "Eles querem segurança, para o paciente e para o médico, que pode ser responsabilizado."

O Hospital da Criança tem capacidade para 70 leitos, mas apenas 37 estão sendo usados. Cerca de 50 consultas de emergência são realizadas por dia e 17 médicos trabalham por mês no local. A unidade está em reforma há vários meses e, segundo a prefeitura de Ponta Grossa, falta apenas que o governo do estado adquira os equipamentos necessários. A Gazeta do Povo publicou diversas reportagens sobre as condições do hospital. Uma delas mostrou que há até uma placa comemorativa pela inauguração de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) que nunca existiu. Em apenas uma semana de agosto deste ano, duas crianças morreram no local, à espera de transferência para UTIs em Curitiba.

Procurada pela reportagem, a prefeitura de Ponta Grossa se posicionou por meio de uma nota. No texto, o secretário municipal de Saúde, Alberto Olavo de Carvalho, afirma que, após a conclusão das obras em andamento, "o hospital terá condições de prestar um atendimento de alto nível e que beneficiará toda a região. Para isso, entretanto, ainda são necessários investimentos estaduais para equipar o local." A prefeitura reconhece que foi questionada pelo CRM e que as providências solicitadas "estão sendo tomadas e serão efetivadas a partir da próxima semana. São elas: o retorno da cozinha hospitalar (a cozinha tinha sido transferida para o Pronto-Socorro), o retorno do serviço de ambulância e o funcionamento do laboratório de análises clínicas e de raio X".

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