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O Hospital de Clínicas pode entrar em uma grave crise nos próximos dias. A informação foi divulgada em entrevista pelo diretor-geral do HC, Giovanni Loddo, no último domingo pela Gazeta do Povo, e corroborada nesta terça-feira pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Ensino Superior Público de Curitiba, região metropolitana e Litoral do Estado do Paraná (Sinditest), José Carlos Assunção Belotto. Ambos apresentam a mesma justificativa: cerca de 1.240 funcionários não-concursados, contratados pela Fundação da Universidade Federal do Paraná (Funpar), terão de ser demitidos até 31 de dezembro deste ano por ordem do Tribunal de Contas da União e da Justiça do Trabalho. Eles representam um terço do total de funcionários do hospital. A hipótese de greve está sendo estudada pelo Sinditest.

Segundo o diretor-geral do HC, esses funcionários são indispensáveis para o funcionamento do hospital, que já apresenta um déficit de pessoal de 500 profissionais. A única saída para evitar a maior crise nos 46 anos do HC é a abertura de concurso para substituir ou contratar servidores. Porém, as últimas informações tornam o quadro ainda mais preocupante. "Estamos na dependência do governo, mas parece que dificilmente eles vão propor isso (o concurso público)", disse Loddo. Durante a entrevista, o diretor assegurou que cabe ao governo federal abrir concurso para o preenchimento de todas essas vagas. "Dificilmente eles vão propor isso. Hoje, trabalhamos com hora extra para suprir as equipes, que estão envelhecendo. O último grande concurso foi entre 1994 e 1995. Na área da saúde isso é um problema, a pessoa vai perdendo força", completa.

De acordo com o Sinditest, a demissão dos funcionários é injusta e, caso aconteça, vai parar o HC. "Essa situação está deixando os funcionários em uma situação estressante, diante de dúvidas quanto ao futuro e do aumento constante ao atendimento à população paranaense", diz Belotto. Ainda de acordo com o presidente do sindicato, o reitor da UFPR, Carlos Augusto Moreira Junior, defende a manutenção do emprego dos funcionários Funpar. "Mesmo com a falta de perspectiva do concurso público, vamos continuar buscando um acordo coletivo. E se o exame acontecer, vamos lutar para que o tempo de serviço dos atuais funcionários seja levado em consideração", conclui Belotto.

Uma greve como forma de protesto contra as demissões já está sendo estudada e deve ser decidida em assembléia da categoria. A data da assembléia deverá ser marcada nesta quarta-feira (17). "Se a greve ocorrer, toda a população será avisada com antecedência", garante Belotto. O Sinditest ainda faz uma denúncia. Para o sindicato, interesses obscuros como esse podem ter o intuito de privatizar o HC.

Negociações

Como integrante da Associação Brasileira de Hospitais Universitários de Ensino (Abrahur), Loddo tentou agendar recentemente uma audiência com o presidente da República. O problema encontrado no HC atinge outros estados também. "É um problema que atinge 44 hospitais de ensino e há uma pressão do Tribunal de Contas para que isso (a demissão) aconteça logo. Mas nós dependemos do MEC. O ministério reconhece só 12 mil vagas que devem ser substituídas nos 44 hospitais. Nós achamos que são 18 mil. Só que essas vagas serão criadas por lei e é preciso que se mande um projeto ao Congresso. Estamos vendo que dificilmente isso será solucionado logo".

A expectativa, tanto de funcionários, quanto da direção do hospital é que haja compreensão da Justiça e que o prazo para as demissões seja revisto, ou prorrogado. Caso isso não aconteça, o destino do HC mostra-se sombrio. "Aí fecha o hospital", confirma Loddo.

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