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A evolução | Reprodução/G1
A evolução| Foto: Reprodução/G1

Proprietários são autuados

Em um dos estabelecimentos vistoriados pela Operação Hotéis, pelo menos metade dos 40 quartos estava ocupada por mercadorias contrabandeadas, principalmente cigarros, eletrônicos e acessórios de informática. No momento do flagrante foram encontrados apenas os produtos. Os donos das mercadorias dificilmente são localizados.

Sem conseguir identificá-los, a saída é responsabilizar os proprietários dos estabelecimentos, que respondem por contrabando e por dar suporte à prática ilegal. Mesmo autuados, os estabelecimentos continuam funcionando. "Vários acabam novamente flagrados com o mesmo problema", observa a assessora de imprensa da RF em Foz do Iguaçu, Christiane Larcher.

Para a PF, os resultados das operações devem ter resultado a médio e longo prazo. Os estabelecimentos estão sendo investigados e alguns donos de hotéis começaram a ser ouvidos. Com os depoimentos e as provas levantadas, os inquéritos são entregues à avaliação da Justiça Federal.

"Assim que as primeiras sentenças saírem, a tendência é que a prática diminua na mesma proporção", disse um dos delegados encarregados pelos casos e que prefere não ser identificado. Esta tem sido a tática desde que o governo federal instituiu o "fim da muamba". Primeiro foram extintos os comboios, agora estão na mira os laranjas e os depósitos. Patrulhamentos no reservatório e em portos clandestinos próximos à ponte fazem parte do cerco.

Foz do Iguaçu – Hotéis próximos da fronteira entre Foz do Iguaçu e Ciudad del Este, no Paraguai, não abrigam mais só hóspedes. A muamba já ocupa a maior parte dos quartos dos estabelecimentos próximos às margens do Rio Paraná e na saída da cidade. Hotéis de municípios ao longo da BR-277 também são usados como guarda-volume.

A estratégia é comprovada pelo balanço da Operação Hotéis, iniciada em fevereiro e encerrada esta semana pela Receita Federal e polícias Federal (PF), Rodoviária Federal (PRF) e Militar (PM). Oito pessoas foram presas e 73 veículos retidos, além de cerca de US$ 660 mil (cerca de R$ 1,5 milhão) em contrabando apreendido. Estabelecimentos de Foz e de outras oito cidades do Oeste estiveram na mira das ações.

A alteração na logística se deve em grande parte à fiscalização mais rigorosa após a instalação da nova aduana na Ponte da Amizade, em outubro. Com o cerco fechado, as mercadorias legalizadas passaram a servir de escudo para produtos de maior valor, que mais tarde lotam os ônibus longe da fronteira.

Os poucos que trazem os compristas até Foz deixam a cidade com bagageiros praticamente vazios, apenas carregando produtos legalizados.

Nas lojas e shoppings do Paraguai, a cena comum há cerca de dois anos já não existe mais. A movimentação dos grupos que arrumavam as mercadorias, tirando-as das caixas e embalando em pequenos volumes levados pelos "laranjas" até Foz, deu lugar a corredores quase vazios. De lá, as mercadorias seguem agora para outros depósitos, às margens do Rio Paraná pelo lado paraguaio, e à noite cruzam a fronteira em barcos.

Esta mudança exigiu também alteração no esquema de transporte. Como no tráfico de drogas, olheiros e batedores indicam a melhor hora para as embarcações cruzarem o rio ou o reservatório de Itaipu. A pé ou de moto, os servidores do contrabando deixam o caminho livre para as mercadorias.

De carro, são levados às cidades vizinhas. Os que conseguem furar os bloqueios seguem rumo aos hotéis. Armazenadas, as encomendas esperam pelo embarque. Nos estacionamentos, os ônibus são carregados.

"Pela ponte e pela aduana não entram mais grandes volumes. Os produtos passam mesmo de forma irregular pelo lago, antes exclusividade dos cigarros", admite a servidora da Receita Christiane Larcher. Nos dois primeiros meses do ano, as apreensões, com maior intensidade fora da zona primária, já são 36% mais altas do que no mesmo período de 2006, num total de US$ 12 milhões.

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