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O primeiro boletim de balneabilidade no litoral paranaense, emitido ontem pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP), apontou 20 pontos impróprios para banho – mais da metade dos 37 pontos monitorados pelos técnicos nas praias e rios da região. É o maior índice das últimas quatro temporadas.

O secretário de estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Luiz Eduardo Cheida, acredita que não há motivos para alarmar a população e que, diferente dos anos anteriores, houve uma infeliz coincidência de realizar duas das cinco coletas em dias de fortes chuvas. "Quando chove, as ruas e calçadas do município são lavadas. Vai tudo para dentro do mar, desde esgoto doméstico até fezes de animais", disse.

Segundo Cheida, isto não significa que as condições para banho das praias estão boas. "Está muito longe do ideal. O que a população pode fazer neste momento é evitar tomar banho nestes locais, pois corre o risco de contrair desde doença de pele até hepatite", disse.

Para orientar os banhistas, barracas nas cores azuis (indicando águas próprias para banho) e vermelhas (para indicar os pontos poluídos) serão colocados nas praias, de acordo com o diretor-presidente do IAP, Rasca Rodrigues. Além disso haverá faixas indicativas e placas de alerta enterradas na areia. "Se não surtir efeito iremos colocar cones com faixas pretas e amarelas interditando os locais", disse. A sinalização começa a ser feita a partir de amanhã. Se a orientação não resolver, vai haver interdição, pois o que está em questão é a saúde das pessoas", revelou.

A análise do IAP mede a presença da bactéria Escherichia coli nas águas, que indica a contaminação fecal dos locais monitorados. Quanto mais bactérias são encontradas nestes pontos, maior é o risco para a saúde dos banhistas – a água contaminada pode transmitir doenças como gastroenterite, infecções (olhos, ouvidos, garganta e vias respiratórias), doenças de pele, hepatite A, cólera e febre tifóide.

Mesmo sabendo disto, o skatista João Henrique Cabral, 23 anos, entrou num dos locais onde há uma orientação intensa para que os banhistas evitem entrar na água: os que ficam localizados próximos aos rios que desembocam no mar. Ontem ao sair da água, próximo ao canal Caiobá, em Matinhos, Cabral admitiu que estava errado. "Eu pensei em ter cuidado antes de entrar, mas acabei indo junto. É que a gente vem à praia para curtir, mas sempre me preocupo com estas coisas. Claro que tenho medo de pegar algum tipo de doença por causa disto", disse.

Saneamento

O primeiro boletim do IAP vem na contramão da expectativa de melhora das condições sanitárias das praias de Guaratuba ainda nesta temporada, criada com a ampliação do sistema de tratamento de esgoto. Nesta primeira análise, são justamente as praias de Guaratuba que apresentaram os piores índices. Dos dez locais monitorados, oito estão poluídos, incluindo o ponto permanente de alto risco de contaminação, localizado nas proximidades do Canal Brejatuba.

De acordo com Rodrigues, o reflexo do investimento feito em saneamento no litoral só será verificado nas análises a partir da próxima temporada. "A rede está feita, mas falta a ligação por parte do morador. E isto vai ser feito ao longo do ano, num trabalho integrado com as prefeituras", disse. Até o mês de julho devem estar concluídas as obras de ampliação do sistema de esgoto sanitário em Matinhos, Pontal do Paraná, Morretes e Guaraqueçaba. O total do investimento é de R$ 100 milhões. O diretor-presidente do IAP ainda ressaltou que neste ano a expectativa é de um aumento no fluxo de veranistas e que isto também irá influenciar nas próximas análises a seres divulgadas.

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