Uma instituição subcontratada pela UFPR para atuar em dois convênios com o Dnit foi acusada pela Polícia Federal (PF) de integrar esquema de desvio de dinheiro público. O Instituto Brasileiro de Estudos e Pesquisas para Otimização da Tecnologia da Qualidade Aplicadas (Ibepoteq) continuou a receber dinheiro da parceria mesmo depois da operação policial. A universidade destaca que o Ibepoteq foi subcontratado antes da investigação, quando não havia suspeitas, e recebeu até o fim por causa do contrato assinado.

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No total, R$ 1.785.000,00 foram repassados ao Ibepoteq, para que fizesse a elaboração e aplicação de programas de educação ambiental durante obras em rodovias e pontes. Só para a atuação no GPontes – que prevê a gestão ambiental na edificação de pontes em diversos estados–, o Ibepoteq ganhou mais de R$ 1,1 milhão. A cifra corresponde a 15,3% do valor total do projeto, orçado em R$ 7,2 milhões. Em um único mês, a entidade chegou a receber R$ 225 mil.

No outro projeto para o qual foi subcontratado – a recuperação de acostamentos na BR-262, em Mato Grosso do Sul –, o Ibepoteq recebeu R$ 678 mil: 11,9% do custo integral da obra. Entre os repasses, a execução financeira mostra seis pagamentos mensais e sequenciais em R$ 82,2 mil, feitos por meio da Fundação da Universidade Federal do Paraná (Funpar).

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fatec

A Fundação de Apoio à Tecnologia e Ciência (Fatec), vinculada à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), recebeu R$ 78.190,00 para atuar em projeto da Petrobras realizado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). No ano anterior a sua contratação, a fundação gaúcha havia sido acusada de envolvimento no chamado caso Rodin – o maior escândalo do Rio Grande do Sul, em que R$ 44 milhões foram desviados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), entre 2003 e 2007. A UFPR foi contratada pela Petrobras para um projeto de quantificação de carbono na biomassa da Mata Atlântica.

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Segundo o presidente do Ibepoteq, Gilson Amâncio, o instituto foi contratado com base em regras vigentes no setor. “Estava tudo dentro do preço de mercado. Nem acima nem abaixo”, disse Amâncio. “Eu só tenho cara de bandido”, ironizou.

Sinapse

Amâncio foi preso em agosto de 2013, na Operação Sinapse, deflagrada pela PF. Ele responde, ainda hoje, por peculato, corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Segundo as investigações, o Ibepoteq teria participado do desvio de recursos estimados em R$ 11 milhões.