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Içami Tiba, psiquiatra e educador | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
Içami Tiba, psiquiatra e educador| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

Muitos pais ficam temerosos pela violência nas grandes cidades e acabam superprotegendo os filhos. Como não cair nesta armadilha?

O primeiro ponto é desenvolver a capacidade da criança de se defender sozinha. Não adianta os pais defenderem o filho e serem superprotetores. Assim, quando ele sair na rua, vai cair na conversa de qualquer um. Acaba sendo um Pinóquio enganado por uma raposa. Para reverter esse quadro, é preciso imputar responsabilidade de forma progressiva. É possível começar, por exemplo, com deveres dentro da própria casa. Uma pessoa que cumpre obrigações começa a ter limites e aprende que não vai receber sempre tudo pronto. É um mecanismo lento e progressivo.

Quais outras situações podem representar um estágio intermediário entre a liberdade e a proteção?

Se o pai tem receio de deixar o filho andar de ônibus sozinho, por exemplo, pode buscar situações em que a criança ou adolescente não esteja na companhia dos pais, mas esteja seguro. Pode deixar o filho ir sozinho ao shopping e assim gradualmente. Claro que a família não vai soltar o menino ou menina em um covil de lobos. Não há um passe mágico para a segurança. Isso é construído a passos diários. Uma criança que estuda só um dia não vai passar de série no final do ano.

Que tipo de danos a superproteção pode gerar?

Uma criança superprotegida se torna incompetente para viver sozinha e não será livre. O desenvolvimento é como um músculo que, se não for exercitado, atrofia. O bordão de educar para o mundo é verdadeiro. Meu trabalho consiste em fazer com que os pais entendam que também são educadores. O limite também é importante. É o que traz civilidade.

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