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Curitiba – O filósofo Denis Rosenfield, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, estuda o MST desde a sua gênese. Como fruto desse trabalho escreveu o livro A Democracia Ameaçada, que será lançado até julho. Para ele, um dos maiores erros do MST é a sua visão socialista do início do século 20, que descarta a democracia. Segundo ele, os manifestantes partiram de uma âncora social válida e necessária, mas fugiram há muito tempo dos objetivos nobres que o insuflaram.

"O MST é um movimento revolucionário que não luta pela reforma agrária. A reforma agrária dita a divisão de lotes de terras que permitam que o pequeno agricultor tenha a titularidade e possa se desenvolver a partir disso. Mas o MST é contrário à propriedade privada, contra a economia de mercado, e utiliza mecanismos violentos para difundir esses ideais", declara.

O professor cita ex-simpatizantes do MST e especialistas no problema agrário, como o agrônomo Zander Navarro e o sociólogo da USP, José de Souza Martins, que hoje fazem críticas consistentes ao movimento após perceber o seu desvirtuamento. "O MST mantém escolas com livros didáticos, aos quais eu analisei, onde eles citam muito Lenin e Mao Tsé-tung. Professores ensinam história do Brasil na perspectiva do MST, onde o movimento aparece como a culminação desse processo, como o salvador do mundo, com uma representação histórica absolutamente grosseira e falsa baseada na luta de classes", diz.

Ex-partidário do PT e hoje avesso ao partido, Rosenfield questiona a falta de estudo sério sobre a questão agrária no país. "Quando surgiu, o MST tinha uma âncora de realidade, o Brasil tinha ainda números significativos de latifúndios improdutivos. Hoje, depois de 20 anos, isso não é mais assim. Há levantamentos independentes que mostram terras improdutivas apenas em áreas no Norte e Nordeste. É preciso checar bem esses dados", completa. (DD)

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