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Currículo da escola religiosa da cidade inclui holandês para crianças | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Currículo da escola religiosa da cidade inclui holandês para crianças| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Sentadas em um canto da sala ou da cozinha, durante a preparação de uma saborosa torta holandesa, as crianças ouvem atentamente as histórias contadas pelos mais velhos. É assim que elas viajam para as primeiras décadas da imigração ou para os tempos da Segunda Guerra, nas vozes de seus opa e oma (avô e avó), tudo falado em holandês.

Sem falar o idioma, elas dificilmente teriam contato tão direto com a história da colônia, de seus pioneiros e de como eles viviam na Holanda. "Eu gosto de ouvir as conversas dos mais velhos, eles contam muitas histórias antigas daqui e também da guerra. Quando meu opa era pequeno, uma vez entraram soldados na casa dele perguntando se tinha gente escondida e ele dizia em holandês que eles estavam atrás da cortina, mas os soldados não entendiam", diverte-se Vitória Goolkate, 12 anos. Outra que aproveita o idioma de origem para conhecer a vida dos ascendentes é Juliana Dijkstra. Um dos casos narrados pelo avô é o de um menino baleado quando olhava pela janela para ver se um tiroteio, durante a guerra, tinha acabado.

A língua é o fio condutor de uma trajetória que começou em 1911 e chega ao centenário da imigração comemorada como uma vitória por aqueles que batalham para manter as tradições dos imigrantes e preservar a identidade cultural. "Quando as crianças têm contato com a língua desde cedo, podem dar continuidade à preservação. Quando não têm esse contato, elas não vão manter o interesse pela história e pela cultura. Sem isso, o restante se perde", diz a imigrante Willemina de Geus.

Ângela Betenheuser é coordenadora do departamento de holandês da Escola Evangélica de Carambeí, que mantém, entre as disciplinas, o idioma dos pioneiros. Em toda a comunidade, pelo menos 50% falam holandês fluentemente. Os demais, compreendem o idioma. "Temos orgulho de dizer que conseguimos, durante 99 anos, manter a língua ativa. Sem ela, seria para nós uma perda muito grande", observa Ângela. Para Willemina, o significado da língua está diretamente ligado ao valor histórico da cidade. "Assim que a língua é extinta, a cultura, a música, a comida também são".

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