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Virgína tem problemas de locomoção e de memória, mas  no posto de saúde a informação foi que há 426 pessoas na fila | Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
Virgína tem problemas de locomoção e de memória, mas no posto de saúde a informação foi que há 426 pessoas na fila| Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

Outro lado

Prefeitura diz que caso "não é urgente"

A assessoria da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba informou que a aposentada Virgínia Garbelini Santa Rosa, diagnosticada em fevereiro com Alzheimer e Parkinson, não foi atendida imediatamente porque seu caso não é classificado como urgente. Segundo a secretaria, Virgínia está sendo monitorada pela médica responsável pelo encaminhamento no posto de saúde da Vila São Paulo. A assessoria informou que a média de atendimento para pacientes com Alzheimer varia a cada mês. Em março, foram atendidos 54 idosos e em fevereiro, 78, mas em um mês no ano passado teriam sido registrados 108 atendimentos. A média de espera para uma consulta é de 4 meses e 23 dias, de acordo com a assessoria.

Para a pedagoga Elizabeth Piovesan, integrante da Associação Brasileira de Alzheimer no Paraná, a justificativa da secretaria não procede. "Quatro meses é muito tempo. A doença exige controle constante, mesmo que o estágio não seja avançado. Isso é uma violência e fere o Estatuto do Idoso". Para Elizabeth, a família deve buscar seus direitos e exigir da direção da unidade de saúde uma solução para o caso. "É preciso denunciar, pois a unidade é uma referência no tratamento de Alzheimer e Parkinson, logo, isso não poderia estar acontecendo".

Ao mesmo tempo em que o país caminha para o envelhecimento – os brasileiros com mais de 65 anos já representam 7,4% da população, segundo dados do Censo 2010 divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geo­­grafia e Estatística –, desrespeitos aos direitos do idoso continuam a ocorrer. Há dois meses, a aposentada Virgínia Garbelini Santa Rosa, de 70 anos, vive uma saga para conseguir agendar consulta com um médico na rede pública de saúde de Curitiba.

Diagnosticada com Alzheimer e Parkinson em fevereiro, Virgínia foi encaminhada à Unidade de Saúde Ouvidor Pardinho, especializada no atendimento à terceira idade em Curitiba, para se consultar com um especialista, mas desde então não consegue agendar um horário. No mês passado, 600 pessoas esperavam na fila por uma consulta na área, mas apenas 54 foram atendidas.

Com problemas de locomoção e de perda da memória, ela precisa ser auxiliada pelo filho, o professor Sebastião Santa Rosa, que reclama da falta de informações e do tempo que deverá esperar até que a mãe seja atendida. "Fui até a unidade de saúde e me informaram que a média de atendimento para pacientes com Alzheimer é de 25 idosos por mês, e que há 426 pessoas na frente da minha mãe. Nesse ritmo, ela será atendida dentro de um ano e meio", diz.

Em fevereiro, quando a aposentada foi encaminhada pelo posto de saúde da Vila São Paulo (no bairro Uberaba) à Ouvidor Pardinho, a família afirma que tentou marcar a consulta na mesma semana, mas que foi informada para voltar dali a um mês. Enquanto isso, para não comprometer a saúde da mãe, os filhos juntaram dinheiro para consultá-la na rede particular. Ao voltar à unidade de saúde, foram informados sobre o tempo de espera. "O dinheiro está acabando. Uma irmã deixou de trabalhar para ficar com ela, então não temos mais condições de ficar na rede particular", diz Sebastião.

O professor afirma que registrou reclamação na ouvidoria da prefeitura, mas no protocolo consta que a resposta pode demorar de 15 a 30 dias. "Eu não posso esperar tudo isso só por uma informação, que nem sei se vai resolver meu caso", diz ele, que pretende acionar o Ministério Público para fazer valer o Estatuto do Idoso, que prevê atendimento de qualidade e imediato a quem tem mais de 60 anos.

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