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Uma mulher de 74 anos esperou 22 horas e passou a noite em uma ambulância, entre anteontem e ontem, para conseguir uma vaga de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Curitiba. Jordelina da Silva Branco, moradora da Cidade Industrial de Curitiba (CIC), foi atendida por volta das 13h30 de quarta-feira pela empresa de assistência médica Ecco-Salva, com suspeita de pneumonia, mas só deu entrada em uma UTI às 11h38 de ontem, no Hospital e Maternidade Nossa Senhora do Rocio, em Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba.

A Ecco-Salva tentou internar Jordelina no Hospital de Clínicas (HC), em Curitiba, mas foi informada de que já havia duas pessoas à espera de uma vaga na UTI. Ontem à tarde, a assessoria do HC confirmou que Jordelina não chegou a ser registrada no hospital. Em Curitiba, a Ecco-Salva teria procurado vagas em seis hospitais, informação que não foi confirmada pela empresa.

A vaga na UTI só foi conseguida depois que a empresa acionou o Sistema de Urgência da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba. Segundo o diretor do Sistema, Matheos Chomatas, o contato só foi feito às 9h30 de ontem, cerca de 20 horas depois que Jordelina foi atendida. A paciente foi removida para o Hospital Nossa Senhora do Rocio em uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Ontem à tarde, uma funcionária do hospital informou que Jordelina sofre de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), um mal progressivo que pode levar à morte.

Ilusão

Segundo Matheos Chomatas, em Curitiba são registrados em média cinco casos por semana de pacientes que, depois de atendidos por empresas particulares de assistência médica e remoção, não conseguem vagas em hospitais que integram o SUS. "Essas e outras empresas dão uma ilusão para as pessoas de que elas serão internadas. As empresas procuram leitos, mas não são gestoras do sistema", diz o diretor.

Chomatas fez um alerta: antes de assinar contratos com empresas de assistência médica, as pessoas devem ler os contratos com atenção, para saber se há garantias de internamento em casos de emergência. "Para muitas pessoas, ambulância significa atendimento em hospital e não é bem assim", afirma. "Se forem ler o contrato, as pessoas verão que a vaga no hospital é responsabilidade do paciente", completa. O ideal, segundo Chomatas, é entrar em contato com o Samu, pelo número de telefone 192.

A reportagem entrou em contato ontem à tarde com a Ecco-Salva, mas foi informada de que os diretores estavam em reunião. Até o fechamento desta matéria, nenhum diretor da empresa havia retornado a ligação para se posicionar a respeito do assunto. A família de Jordelina também não quis dar entrevista.

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