• Carregando...
Para o carpinteiro Fausto Fiore Dalacqua, de 66 anos, o atendimento é bom, mas o calçamento precisa melhorar | Henry Milleo/ Gazeta do Povo
Para o carpinteiro Fausto Fiore Dalacqua, de 66 anos, o atendimento é bom, mas o calçamento precisa melhorar| Foto: Henry Milleo/ Gazeta do Povo

Especializado

Hospital entra em operação mês que vem

Para 23% dos entrevistados insatisfeitos falta em Curitiba um hospital especializado na saúde do idoso. Diante da demanda, a prefeitura de Curitiba pretende inaugurar, entre as comemorações do aniversário da cidade, no dia 29 de março, o Hospital do Idoso Zilda Arns (HIZA), no Pinheirinho. Entretanto, o hospital estará efetivamente em funcionamento apenas a partir do dia 2 de abril.

De acordo com a secretária municipal de saúde, Eliane Chomatas, apenas em equipamentos foram investidos R$ 14,5 milhões, entre recursos federais, estaduais e municipais. Segundo a secretária, todos os equipamentos foram adquiridos e estão em fase de instalação.

Com 141 leitos, entre enfermaria, UTI e cuidados intermediários, o Hospital está preparado para atender até 50 mil idosos por ano, e cerca de 10 mil internamentos. Por se tratar de um hospital de referência, os atendimentos só serão feitos a partir do encaminhamento das unidades básicas de saúde. Assim, os idosos devem continuar procurando o posto de saúde do bairro ou os hospitais públicos em caso de emergência.

A secretária afirma que cerca de 700 profissionais trabalharão no Hospital, considerado de média complexidade e pensado para humanizar mais o atendimento à terceira idade. Ela garante que a equipe de profissionais está, em sua maioria, contratada, em processo de integração. Parte dos funcionários de apoio, como técnicos em manutenção, ainda está sendo selecionada, mas a secretária garante que a falta desses funcionários não irá influenciar no funcionamento imediato do hospital. (EM)

Perfil

O idoso curitibano tem netos, mas, na maioria, quem cuida são os próprios pais das crianças. Entre os idosos que dispensam cuidados com os pequenos, o tempo diário não passa de 4 horas.

Os idosos de Curitiba estão satisfeitos com o tratamento que recebem na cidade, mas não deixam de apontar situações que ainda tornam difíceis o seu dia a dia. Levantamento realizado pelo Instituto Paraná Pesquisas para a Gazeta do Povo mostra que, dos 390 entrevistados com mais de 60 anos, 60% aprovam o atendimento que lhes é dedicado na capital. Entre os insatisfeitos, os principais problemas apontados são a falta de educação no transporte coletivo e de um hospital do idoso na cidade.

Para 28% dos descontentes ouvidos pela pesquisa, falta respeito à prioridade no embarque ou aos assentos preferenciais nos ônibus da capital. Segundo o geriatra do Hospital das Clínicas da Universidade Fede­ral do Paraná Mauro Roberto Piovezan, a falta de auxílio a idosos com dificuldades de locomoção potencializa riscos. "O principal problema são as quedas, seja no embarque como em freadas bruscas", pontua Piovezan. Segundo ele, deve-se ter preocupação maior com a fratura de quadril, que aumenta o número de mortes de idosos.

Entretanto, o sistema de transporte coletivo é bem avaliado por homens e mulheres que já passaram dos 60 anos. Dos 92% de entrevistados que são usuários de ônibus, apenas 10% consideram o transporte ruim ou péssimo e 17% o avaliam como regular.

Nas ruas

Já as calçadas de Curitiba não são vistas com bons olhos por aqueles que não têm a mesma facilidade de locomoção dos jovens. Ava­liadas como ruins ou péssimas por 54% dos entrevistados, elas oferecem muitos riscos aos idosos. "Isso é um grande problema. Nossas calçadas são ruins, têm pedras soltas, calçadas não planas, com entulho. As quedas aí são muito frequentes, geralmente com fraturas", diz o geriatra. O risco de tropeçar em pedras soltas foi pontuado por 66% dos idosos abordados pela pesquisa.

É o que pensa o carpinteiro Fausto Fiore Dalacqua, de 66 anos: "O calçamento daqui [de Curitiba] não é muito bom, não. É cheio de altos e baixos, principalmente os paralelepípedos". Seu Fausto é um retrato dos 390 idosos abordados pela pesquisa. Ele se considera bem tratado na cidade e não reclama de ir em pé no ônibus, "assim descanso mais porque tenho um problema de coluna", afirma.

Para tratar a lesão adquirida no trabalho, o carpinteiro usa o sistema público de saúde, assim como 71% dos entrevistados, e o avalia como bom, juntamente com dois quintos dos idosos pesquisados. "Demoro para ser atendido [na unidade de saúde], mas está tudo bem assim mesmo."

Com um total de 198.089 idosos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 2010, Curitiba vê o envelhecimento de sua população que hoje é constituída por 11% de pessoas com mais de 60 anos. Diante deste quadro, o importante é investir na melhora da qualidade de vida destes curitibanos, aponta o geriatra Piovezan. "É preciso investir em acessibilidade: construir rampas, evitar pisos lisos e adaptar banheiros e iluminação", diz.

Interatividade

Existe algum outro problema na cidade que dificulta a vida dos idosos?

Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]