Apesar da queda, católicos são 64,6% da população do país| Foto: Felipe Rosa/ Gazeta do Povo

Regiões

Rio de Janeiro é o estado com menor população de católicos

Com 45,8% da população católica, o Rio de Janeiro é o estado com o menor porcentual de católicos no Brasil. Em contrapartida, o Piauí é o campeão de fiéis dessa igreja, 85,1% dos habitantes. No recorte por regiões, enquanto o Sudeste é a que apresenta menos católicos (59,5%), o Nordeste é o campeão no índice de fiéis (72,2%).

O Paraná, por sua vez, tem 69,6% da população formada por católicos, cenário semelhante ao da Região Sul, com 70,1% dos moradores dessa religião. Já em Curitiba, 62,1% dos habitantes pertencem ao catolicismo. Enquanto na área rural do paí há 77,9% de católicos, nos centros urbanos eles são 62,2%.

Segundo o professor de Geografia Valdomiro Lourenço Nachornik, da Universidade Tuiuti do Paraná, a disparidade entre as regiões ocorre porque algumas áreas do Brasil mantêm mais ritos tradicionais do que outras. "No Nordeste a população preserva valores antigos. O exemplo são as festas juninas, ligadas ao catolicismo".

Sobre as diferenças entre cidade e campo, Nachornik afirma que, além de nos grandes centros a população também buscar valores menos tradicionais, as características sociais das cidades favorecem o aumento de evangélicos. "Essas igrejas têm como característica buscar pessoas com mais necessidades, problemas sociais, como os pobres das grandes cidades", diz. (RB)

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Cenário

Espíritas são 2% da população; 8% dizem não ter religião

O Brasil teve crescimento de 74% no número de pessoas que se declaram espíritas. Enquanto em 2000, 1,3% da população dizia pertencer a essa religião, em 2010 o índice passou para 2%. O crescimento também foi registrado entre pessoas sem religião. No Censo atual, 8% dos brasileiros se declaram na situação, contra 7,4% em 2000.

O Paraná seguiu a tendência do restante do Brasil, com um salto de 0,6% para 1% dos paranaenses pertencentes ao espiritismo e de 4,2% para 4,6% na quantidade de não religiosos.

Ainda menos representativas, outras religiões também tiveram crescimento. O islamismo (0,2% da população) teve aumento de 29% e é professado por 35.167 pessoas. As tradições indígenas foram citadas por 63.082 entrevistados – um aumento de 269%. Os seguidores do hinduísmo passaram de 2.905 para 5.675, mas representam 0,002% dos brasileiros. A proporção de brasileiros que declararam umbanda e candomblé como sua religião se manteve a mesma, 0,3%. (RB com Agência Estado)

A Igreja Católica apresentou queda histórica de fiéis nos últimos dez anos no Brasil, de acordo com o Censo de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados divulgados ontem mostram que, embora essa ainda seja a religião majoritária entre os brasileiros, é cada vez maior a diversidade no país. Enquanto a população que se diz católica caiu de 73,6% em 2000 para 64,6% em 2010, o índice de evangélicos passou de 15,4% para 22,2% dos brasileiros.

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A queda no número de católicos, segundo o IBGE, é observada desde o primeiro Censo, realizado em 1872. Na ocasião, quase a totalidade da população se declarava católica (99,7%). Em cem anos houve queda de 7,9 pontos porcentuais, mas, desde 1970, a redução na quantidade de católicos foi mais drástica. No Paraná, a porcentagem de seguidores da Igreja Católica ficou acima da média nacional, com 69,6% da população em 2010.

Necessidade social

Para o professor de Teologia Luiz Alberto Sousa Alves, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), o aumento do índice de evangélicos mostra o quanto os brasileiros estão em busca do apego a valores. "A família está meio perdida dentro de uma sociedade que pensa muito no consumo", avalia. Na opinião dele, as igrejas evangélicas, em especial as pentecostais, dão respostas mais imediatas aos problemas vividos pela população. "Algumas igrejas fazem cultos específicos, para problemas de todos os tipos", diz.

O aumento do número de evangélicos está ligado também à forma como as igrejas pentecostais chegam aos fiéis. De acordo com o professor de Geografia Valdomiro Lourenço Nachornik, da Uni­versidade Tuiuti do Paraná, os meios de comunicação são decisivos para a ascensão dessas religiões. "O catolicismo hoje usa esse recurso, mas desde a década de 1980 os evangélicos utilizam o rádio e outras mídias para disseminar valores", afirma.

Sobre a queda vertiginosa no porcentual de católicos, o professor Luiz Alberto afirma que o catolicismo se mantém preso às tradições, com uma mudança mais lenta de valores. "A Igreja Católica, de certa forma, está conseguindo conter um pouco esse quadro com a inclusão de alguns elementos, como cânticos e danças, igual aos dos evangélicos. Mesmo assim a ortodoxia deixa a igreja mais presa ao passado", afirma.

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Alves comenta que o movimento que ocorre com a Igreja Católica é o mesmo observado nas evangélicas de missão, também tradicionais e que tiveram queda de fiéis. Houve pequena retração na porcentagem de seguidores das igrejas protestantes mais antigas, como Luterana e Presbiteriana, de 4,1% para 4%.

Ainda dentro do segmento evangélico da população, o número de seguidores das pentecostais (Igreja Universal do Reino de Deus e Assembleia de Deus, por exemplo) teve aumento (de 10,4% para 13,3%). A maior alta nesse segmento foi observada entre os evangélicos sem igreja determinada, que passaram de 1% para 4,8% dos brasileiros.

Segundo o teólogo, o aumento registrado na última década é menor do que o observado em décadas anteriores, o que mostra que muitos evangélicos estão migrando. "Um exemplo é a Igreja Universal do Reino de Deus, que está perdendo adeptos para uma dissidência deles, a Igreja Mundial [do Poder de Deus]".