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Curitiba – O programa Fantástico, transmitido pela RPC TV, na edição de domingo, mostrou como o megatraficante colombiano Juan Carlos Ramirez Abadía circulava tranqüilamente em Curitiba, mesmo sendo suspeito de cinco casos de extorsão e depois de a polícia paulista desperdiçar cinco oportunidades de prender o criminoso. A gravação do circuito interno de tevê de um shopping de Curitiba, feita em outubro de 2006, mostra Abadía passeando disfarçado.

Nas imagens, o traficante encontra os comparsas Henry Edval Lagos, o Patcho, Vítor Verano, o piloto de avião André Barcellos e Aline Nunes. Eles caminham de um lado para o outro com sacolas e depois sentam para conversar e tomar um lanche. Com exceção de Patcho, que está foragido, todos foram presos em agosto deste ano pela equipe do delegado da Polícia Federal Fernando Francischini.

A reportagem revelou como funcionava a contabilidade de Abadía, que está preso. Do Brasil, ele controlava todas as operações de um dos maiores cartéis de drogas do mundo. Computadores do traficante apreendidos na Colômbia relatam encomendas de assassinatos, ampliação das rotas do tráfico e gastos milionários com propinas. De São Paulo, ele administrava desde o estoque da droga até a liberação de dinheiro para subornar autoridades.

Toda semana, homens de confiança do cartel vinham a São Paulo prestar contas ao traficante. Reuniões ocorriam em suítes de hotéis cinco estrelas. O resultado ficava registrado em computador. Durante os três anos de esconderijo no Brasil, Abadía arrecadou US$ 70 milhões por mês, faturamento maior que o de muitas empresas.

Depois da análise dos computadores, foram apreendidos US$ 90 milhões na Colômbia. E a Justiça colombiana confiscou 322 propriedades de Abadía.

As investigações agora se concentram em uma relação de assassinatos. As planilhas listam muitas mortes sob encomenda, com indicação do valor pago aos assassinos. Os computadores mostram que em apenas um ano o traficante mandou matar mais de cem pessoas.

Abadía comprou muita gente também no Brasil para não ser incomodado, mostram as investigações. Em depoimento a promotores no prédio da Justiça Federal, em São Paulo, o traficante contou que ele e seus principais colaboradores sofreram cinco extorsões, no ano passado, de policiais civis. Em anotações, feitas pelo próprio traficante, estão valores, apelidos e nomes de alguns dos acusados de cobrança de propina.

A anotação "Barco. Delegado da Fazendária – R$ 400 mil à vista" se refere ao iate do traficante, avaliado em quase R$ 2 milhões. O barco foi registrado em nome de Daniel Maróstica, testa-de-ferro de Abadía, que também está preso. Daniel não tinha como justificar a compra. Abadía afirmou que resolveu o problema dando dinheiro a policiais.

"Denarc, Alemão, outros." Daniel Maróstica contou que em maio de 2006 testemunhou o seqüestro de Patcho. Três homens armados que se identificaram como policiais levaram o criminoso. Um deles era um certo Alemão. Segundo Daniel, os supostos policiais exigiram US$ 280 mil de resgate. Patcho foi libertado em um posto de estrada.

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