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Dois programas da Secretaria de Ciência e Tecnologia (Seti) do Paraná devem ajudar a entender o que uma faculdade pode fazer por uma cidade. O primeiro, nascido de um convênio do governo estadual e federal, na casa de R$ 1,2 milhão, é o Profissional Cidadão. Distribui bolsas para egressos nas instituições de ensino estaduais para que dediquem os primeiros anos de formados a regiões paranaenses com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O segundo, a ser implantado em 2006, vai mapear em caráter piloto o entorno da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e da Universidade Estadual de Maringá (UEM), para identificar o movimento imobiliário, industrial e comercial provocado pelas instituições de ensino.

Juntas, as cinco universidades e 11 faculdades estaduais oferecem 17 mil vagas, por ano, e somam 72 mil alunos – 40% de todos os estudantes de terceiro grau do interior. Estão divididas por 38 municípios. Em 2004, a disputa mobilizou 146 mil vestibulandos, com a média de 8,5 candidato por vaga. Segundo a Seti, 50% dos alunos vêm da escola pública e 70% são do próprio estado.

O coordenador de Ensino Superior da Seti, Tarcísio Trindade, confirma que as vagas em instituições do estado não cresceram na mesma proporção da população. "As instituições privadas do Paraná têm atendido à demanda de alunos", reconhece. Ainda assim, as instituições estaduais se destacam no cenário da educação.

Outra faceta paranaense são os consórcios municipais – faculdades mantidas pelas cidades. Há exemplos em Barracão (FAF), Clevelândia (Fesc), Dois Vizinhos (Vizivale), Loanda (Facinor), Mandaguari (Fafiman) e União da Vitória (Face). O modelo é pouco discutido. Também há a instalação de grandes redes da capital no interior, como ocorre com a Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Paraná há três anos. Instalada em Londrina, Toledo e Maringá, a instituição levou uma surpresa. A expansão não estava precisamente nos planos, mas da noite para o dia pipocam pedidos de prefeituras e dioceses. A pró-reitora de Graduação, Neuza Aparecida Ramos, conta que ficou gratificada com o nível dos professores. Em Toledo eram 100% mestres ou doutores e oriundos da região.

A economista Gina Paladino, assessora do Sistema Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), esbalda-se em exemplos de regiões do Brasil e do mundo que entraram para o mapa após receberem instituições de ensino superior, principalmente as de cursos tecnológicos.

Passa por exemplos notórios, como o casamento São José dos Campos–Instituto Tecnológico de Aeronáutica (Ita)–Embraer. Ou pela pequena Santa Rita do Sapucaí, no interior de Minas Gerais, que na década de 50 ganhou uma escola técnica, seu passaporte para o mundo. Mesmo assim, são raros estudos de impacto econômico causado pela educação.

"Isso acontece porque a escola sempre foi vista mais como formadora de mão-de-obra do que como fomentadora do desenvolvimento econômico. Os prefeitos se orgulhavam mais de ganhar um chafariz do que um colégio. Hoje, está mudando." São exemplos da nova ordem o Parque Tecnológico Alfa, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Pato Branco, na Região Sudeste do Paraná, que tem 1,4 mil alunos na área tecnológica da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Segundo Gina, o exemplo está sendo seguido: a prefeitura de Londrina também quer um centro tecnológico.

O otimismo da economista inclui o crescimento do ensino privado no interior do Paraná. "Não acredito em desconfiança do setor. A tendência é que as universidades se consolidem e procurem sempre mais qualidade."

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