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Incentivo

Conselho de Medicina quer carreira como a do Judiciário

Para o Conselho Federal de Medicina (CFM), a abertura de mais escolas médicas está longe de ser a solução para o problema da saúde no país e da escassez de médicos em determinadas regiões. De acordo com a entidade, os mais de 37 mil médicos atualmente habilitados seriam suficientes não fossem a má distribuição e a falta de condições para atuar longe das capitais e dos grandes centros.

Uma das alternativas para a interiorização seria a criação de um plano de cargos e salários para aqueles que optarem pelo atendimento em instituições públicas. Outra seria o estabelecimento de uma carreira de Estado, a exemplo do que acontece com o Judiciário. Antes de chegar à capital, o médico teria de iniciar a carreira em municípios do interior, onde permaneceria por no mínimo dois anos e seria promovido e transferido.

Tal política esbarra, porém, em outros problemas. "Faltam hospitais-escola e vagas para que os recém-formados possam fazer residência. Sem experiência e sem especialização, a única saída é se sujeitar a plantões seguidos nos pronto-socorros dos hospitais das grandes cidades. Longe das capitais terá que trabalhar sozinho, sem apoio e sem condições adequadas para prestar um atendimento de resultado", resume o conselheiro Gerson Zasalon.

O ideal, sugere, seria criar condições para que o profissional, mesmo sem a formação necessária, pudesse se sentir atraído e amparado. "Um médico não trabalha sozinho. Não adianta contratar um obstetra se com ele não tiver um anestesista, um cirurgião e um pediatra. Sem falar nos enfermeiros, técnicos de enfermagem, farmacêuticos e laboratoristas", reforça. (FW)

Sem conseguir atrair médicos para trabalhar na cidade, a Secretaria de Saúde de Joaquim Távora, no Norte Pioneiro, vem gastando em média 30% do que investe no setor com o pagamento de especialistas levados à cidade e procedimentos realizados em outros municípios. E, para não deixar a população de quase 11 mil habitantes sem atendimento nos finais de semana, a secretaria tem pagado até R$ 2 mil por plantão de 24 horas no único hospital da cidade – mantido pela prefeitura.

Em 2010, a prefeitura desembolsou quase R$ 800 mil – de um total de R$ R$ 2,2 milhões – para pagar especialistas e procedimentos cirúrgicos de pequena e média complexidade em outras cidades, já que não consegue contratar mais profissionais além dos cinco que mantém. Em alguns casos, a saída é contratar médicos não concursados e fazer pagamentos como se fossem prestadores de serviços. Os valores dos salários variam de R$ 10 mil a R$ 15 mil.

A secretária Adalgisa Panichi revela que já foram organizados dois concursos públicos para contratar médicos sem exigir especialização. Mesmo assim, não apareceram candidatos para as vagas com salário de até R$ 6 mil por carga horária de 20 horas semanais. "Não adianta. Nem os salários os atraem. Ficamos reféns dos atendimentos de fora. Isso aumenta em muito os gastos, porque temos que garantir também o transporte dos pacientes", explica.

A prefeitura mantém um ônibus e vários veículos de passeio disponíveis todos os dias para levar e trazer pacientes, que vão para Santo Antônio da Platina, Ibaiti, Londrina, Curitiba e até São Paulo. Somente no ano passado foram feitos mais de 5 mil atendimentos fora do município.

Agendamentos

Os agendamentos para o atendimento com especialista são feitos no Posto de Saúde Central de Joaquim Távora. Só depois de passar pela primeira consulta recebe o encaminhamento. Em tratamento com um ginecologista de Jacarezinho, a passadeira Rosilei Siqueira de Camargo, 41 anos, tem de passar pelo posto para marcar consulta toda vez que precisa do especialista. "A cidade é pequena e, infelizmente, a gente que não tem muita opção precisa ir onde o profissional está", desabafa.

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