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Emanuel gosta do trabalho no presídio de Ponta Grossa, mas reclama das condições: há 415 presos onde cabem 172 | Henry Milleo/ Gazeta do Povo
Emanuel gosta do trabalho no presídio de Ponta Grossa, mas reclama das condições: há 415 presos onde cabem 172| Foto: Henry Milleo/ Gazeta do Povo

Contratações vão continuar, informa Sesp

O último processo seletivo de contratação de auxiliares de carceragem ocorreu no mês passado. O período de contrato é de um ano, renovável por mais um. Dos 330 agentes, 200 já trabalhavam e 130 foram convocados em julho. Desses, 82 já estão na ativa e 48 serão chamados nesta semana. Segundo a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), o formato de contratação vai continuar.

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Ponta Grossa - Eles não são policiais civis, não são protegidos por entidades de classe, não recebem gratificações nem assistência à saúde e não podem trabalhar armados, mas fazem os mesmos trabalhos de um policial de carreira nas cadeias do Paraná. Eles são os 330 auxiliares de carceragem, contratados a partir de 2006 em caráter temporário pelo governo estadual para atender os presos provisórios e ao mesmo tempo liberar policiais para a investigação de crimes. Para entrar na profissão, basta ter o ensino médio. Portanto, a maioria desses agentes não tem experiência nem co­­nhecimento teórico sobre o sistema prisional.

O auxiliar de carceragem Mário Sérgio Machado Júnior, que trabalha na cadeia pública de Sarandi, na Região Norte, foi contratado no segundo semestre de 2006 e, com dois meses de trabalho, virou refém numa rebelião. "Fiquei cinco horas em poder dos presos", afirma. Ele estava passando pacotes de compras para os presos quando se tornou presa fácil para 210 detentos. "Hoje, vejo que a rebelião foi um aprendizado para mim", diz. Filho de investigador de polícia, ele pretende seguir a carreira policial se houver concurso. "Eu gosto muito do que faço", afirma.

O auxiliar Emanuel Carlos Portela, que trabalha no presídio de Ponta Grossa, faz coro com Mário. "Eu estou aqui porque gosto muito, apesar de todas as dificuldades e da minha família não apoiar minha decisão", diz. Ele reclama, porém, das condições de trabalho. A cadeia, que tem capacidade para 172 presos, abriga 415 e conta com apenas seis auxiliares de carceragem em regime de escala, que ainda precisam de três investigadores de polícia para dar conta do trabalho. "Eles ajudam muito porque cuidam dos presos e dão um apoio nas escoltas externas", afirma o diretor da unidade, Elter Garcia.

Escoltas

Somente em julho, uma fuga e uma tentativa foram registradas em escoltas feitas com a participação de auxiliares. Em Ponta Grossa, um auxiliar acompanhava um investigador na escolta de um preso até o médico quando ele escapou na frente do hospital. Em Guarapuava, um auxiliar que levava sozinho um detento até o fórum não conseguiu evitar que ele fugisse do camburão. O agente estava armado, apesar da proibição, e disparou tiros em direção ao detento. Um dos disparos quase atingiu um policial civil que estava no local e conseguiu deter o foragido.

O Ministério Público chegou a pedir a instauração de um inquérito na delegacia sobre a tentativa de fuga. Segundo a Secretaria Esta­dual de Segurança Pública, o auxiliar pediu exoneração e a arma foi recolhida.

Um policial civil, que prefere não se identificar, critica a contratação de auxiliares de carceragem. Para ele, a falta de treinamento dos agentes é um risco à segurança pública. O policial vai ainda mais longe e acredita que as fugas registradas nas cadeias públicas estão relacionadas aos auxiliares. "Estes carcereiros estão recolhendo drogas, bebidas, armas, ferramentas para fuga, além de celulares, sendo que com os celulares os presos estão gerenciando crimes fora da carceragem", acusa o policial.

"Não existe o comprometimento dos chamados ‘auxiliares’ com a polícia, pois eles não têm vínculo com o estado e, como o contrato é temporário, eles não resistem à tentação, pois eu como policial já recebi várias ofertas de detentos que oferecem dinheiro para recolher esses objetos de que falei. Então, o que esperar destes ‘auxiliares’, que não têm nenhum comprometimento com a polícia?", questiona o policial.

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