Impunidade aumenta casos

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A baixa adoção de medidas que podem detectar a cópia de trabalhos e a aplicação de punições brandas incentivam o comportamento antiético de alguns alunos. Apenas 6% dos professores entrevistados pelo pesquisador Pedro Luengo Garcia afirmaram, em respostas discursivas, o uso de programas específicos e a busca na internet e em anais de congressos e encontros como formas de detectar o plágio.

A professora Nelma Zubek é uma defensora do uso sistemático dos chamados "farejadores de plágio". São programas que fazem varredura em bancos de dados on-line por trechos iguais de dois trabalhos, de forma automática. "Sur­­preende que sejam pouco conhecidos. Com um desses já desmascarei plágio de dissertações de mestrado, que só passaram pela minha mão porque eu fazia parte da banca examinadora do congresso em que foram inscritas", conta.

Uma opção mais trabalhosa é a busca de trechos do trabalho recebido na internet e em anais de encontros disponíveis on-line. Só que dificilmente qualquer dessas medidas vai pegar um trabalho comprado. "As ‘empresas’ que fazem esse tipo de serviço na internet nunca vendem o mesmo trabalho. Você pode ter dois iguais na essência, mas eles mudam a redação porque prometem aos alunos que eles não serão pegos", explica Garcia.

Por outro lado, mesmo quando existem provas definitivas ou indícios muito fortes de que o trabalho foi copiado ou comprado, as punições que caem sobre esses alunos estão longe de serem severas. Dos 484 que já se depararam com trabalhos não elaborados pelos alunos, metade deu nota zero ao estudante e um em cada três ofereceu a chance de refazer o trabalho. Apenas nove conseguiram a expulsão do aluno do curso, medida prevista em boa parte dos regulamentos das universidades.

"Em suas respostas discursivas, muitos professores citaram uma pressão por parte da direção das instituições para que não prosseguissem com suas acusações, via processo administrativo ou outro instrumento", conta Garcia. Isso acontece porque um caso de plágio que venha a público desgasta a imagem de uma universidade.