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Alegorias da Portela e da União da Ilha foram tiradas dos barracões | Vanderlei Almeida/ AFP
Alegorias da Portela e da União da Ilha foram tiradas dos barracões| Foto: Vanderlei Almeida/ AFP
  • Integrantes das escolas choram diante da destruição de meses de trabalho

A um mês do carnaval, um grande incêndio devastou ontem os galpões de três escolas de samba do Rio de Janeiro e provocou mudanças de regra de última hora no mais importante evento carnavalesco do país. Houve corre-corre, muito choro e desespero diante da destruição de meses de trabalho. Embora tenha provocado uma enorme nuvem de fumaça, o fogo não fez vítimas e as suas causas ainda são desconhecidas.O estrago nos barracões da Portela, Grande Rio e União da Ilha fez com que os presidentes de todas as escolas de samba do Rio se reunissem na noite de ontem para decidir o que poderia ser feito para minimizar os danos. A Liga das Escolas de Samba (Liesa) anunciou que as 12 escolas do Grupo Especial desfilarão e nenhuma será rebaixada neste ano. Em 2012, o desfile contará com 13 escolas (somando a campeã do grupo de acesso de 2011) e duas serão rebaixadas.

Também foi confirmada mudança na ordem dos desfiles deste ano, já que as três agremiações prejudicadas estavam com apresentação programada para o mesmo dia. Todas as outras escolas não afetadas pelo incêndio ajudarão as três atingidas com o empréstimo de funcionários para reconstruir parte do que foi perdido.

Incêndio

O incêndio na Cidade do Samba, complexo da prefeitura na zona portuária do Rio que reúne galpões das principais escolas de samba, começou por volta das 7 horas e foi controlado pelos bombeiros quatro horas depois. Além dos barracões das agremiações, o galpão da Liesa também foi tomado pelas chamas. Pelo menos dez pessoas estavam no barracão da Grande Rio no horário em que começou o fogo. Todas conseguiram sair. Uma pessoa foi intoxicada pela fumaça, chegou a ser encaminhada ao hospital e passa bem.

"Quando olhei para o lado só vi material de plástico derretendo. Minha sala estava super aquecida. Só deu tempo de correr e fugir", afirma o chefe de ateliê da Grande Rio, Robson Pantojeno, que ainda destacou que o sistema de incêndio não funcionou no interior do barracão. "Acordei por volta das 7 horas e já estava tudo pegando fogo. Comecei a gritar, fiquei no maior desespero, mas não consegui descer pelas escadas. Então me joguei do quarto andar e caí, não sei como, num carro alegórico", conta o aderecista Saimon Garcia.

A Grande Rio foi a escola mais prejudicada. Além de o fogo atingir carros alegóricos e fantasias, parte do barracão desabou. Apesar das perdas, o presidente do grupo, Hélio de Oliveira, confirma a participação da escola no desfile. "O samba não foi queimado. A vontade do folião de desfilar também não. Vamos para a avenida mesmo que de camiseta e bermudas com lantejoulas", disse.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, foi ao local do incêndio e afirmou que a prefeitura vai empenhar recursos para que as alegorias e fantasias destruídas sejam refeitas para que as escolas de samba prejudicadas não deixem de desfilar. "Vamos buscar nos próximos 30 dias ajudar de todas as formas possíveis. É óbvio que não dá para recuperar em um mês o trabalho de um ano inteiro, mas elas vão entrar na avenida de qualquer jeito. Com a raça dessa gente e a força do carnaval carioca", afirmou.

Origem do fogo

Os bombeiros suspeitam de que o fogo tenha começado no setor da Liga das Escolas de Samba ou no da União da Ilha. Embora não haja indícios de ser um ato criminoso, o delegado titular do 4.º Distrito Policial, Daniel Mayr Pereira da Costa, diz que ainda não descartou qualquer hipótese para o incidente. "Por enquanto, não há nenhum indício que aponte que o incêndio foi criminoso. Não tem nem comentário informal ou suspeita. A perícia da Policia Civil vai apon­­tar isso com os laudos técnicos. Nada está descartado", afirma Costa. Não há previsão para a conclusão da perícia. As partes superiores dos quatro barracões atingidos pelo incêndio foram comprometidas e serão demolidas, segundo informou a Defesa Civil do Rio de Janeiro.

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