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Ônibus foi incendiado na noite de domingo em Londrina, no Jardim Bandeirantes | Roberto Custódio/Jornal de Londrina
Ônibus foi incendiado na noite de domingo em Londrina, no Jardim Bandeirantes| Foto: Roberto Custódio/Jornal de Londrina

Esclarecimento

A Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp) negou ontem a existência de uma suposta lista de agentes penitenciários marcados para morrer no estado, conforme noticiou a edição desta segunda-feira da Gazeta do Povo. Segundo a assessoria de imprensa da Sesp, a investigação que está em curso apura a autoria das mortes de agentes. Ontem, a secretária de Estado da Justiça e Cidadania, Maria Tereza Uille Gomes, também disse que o governo do estado tem trabalhado para atender à demanda dos agentes penitenciários e todas as medidas necessárias têm sido tomadas.

Sistema prisional

Ações de criminosos também teriam como alvo agentes penitenciários

Diego Ribeiro

O Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen) classificou o período atual como o mais tenso da história do sistema penitenciário do estado. Segundo o presidente do sindicato, José Roberto das Neves, os criminosos querem afrontar o Estado e escolheram os agentes, o lado mais fraco no sistema, como alvo. "A violência extrapolou os muros da prisão", resumiu Neves.

Ele ressaltou que os agentes penitenciários estão em pânico, em razão das duas mortes ocorridas nas últimas semanas, dos colegas Valdeci Gonçalves da Silva, 35 anos, e Wilmar Prestes da Silva, 47 anos. Valdeci foi assassinato na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), no dia 13 de março, dentro de casa. Já Wilmar foi morto no bairro Boa Vista, quando chegava em casa no dia 18 de março.

Dias antes desses dois homicídios, uma agente, de 43 anos, foi atingida por um tiro, no Xaxim, em Curitiba, depois de reagir a um assalto. No dia 25 de fevereiro, no Pilarzinho, outro agente foi atingido por um tiro, dentro de casa.

"Não havia qualquer motivo para esses dois colegas morrerem. Tem um agente saindo de sua casa para morar em um apartamento na região mais central de Curitiba, outro tirando filho da escola. Um terceiro não quer mais sair de casa", conta o representante da classe.

Neves disse que os agentes têm recebido orientações informais do governo estadual. "É para ficarmos atentos", comentou. Um dos responsáveis pelas investigações dos homicídios, delegado Hamilton da Paz, preferiu não falar sobre as apurações dos casos.

Os moradores da Rua Serra de Santana, no Jardim Bandeirantes, amanheceram assustados depois de mais um episódio de ônibus incendiado em Londrina. A recorrente ação dos bandidos – esse foi o terceiro caso em uma semana – aumentou o medo dos usuários e motoristas do transporte público. Para a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), os atos ainda são classificados como vandalismo.

"Estávamos tranquilos vendo televisão em casa. O sinal da tevê a cabo falhou [por conta das chamas que atingiram a fiação] e saímos lá fora para ver o que era. O que vimos foi um choque: o ônibus pegando fogo, bombeiros, um monte gente na rua e cachorros latindo sem parar", disse Angélica Passos, que mora com o marido e a filha a cerca de 50 metros do local do incêndio.

Segundo o Corpo de Bom­­beiros, o coletivo da linha 308 passava pela Rua Serra de Santana, por volta das 22 horas, quando foi parado por assaltantes. A Polícia Militar (PM) confirmou que os bandidos levaram dinheiro dos passageiros e do caixa do ônibus antes de atearem fogo. O combustível também teria sido jogado contra as pessoas, que correram assustadas.

Na área de permanência dos motoristas do transporte coletivo no Terminal Central, o clima de preocupação é grande. O motorista Dilson Almeida levou o filho ao trabalho justo no dia seguinte ao incêndio. "A gente tenta preservar a família disso, não levar preocupação para eles, mas fica difícil", disse.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Trans­porte Coletivo em Lon­drina (Sinttrol), João Batista da Silva, reconheceu que os motoristas estão expostos ao perigo, mas disse que não vê saída para diminuir o risco. "O ideal seria cada carro sair com uma escolta, mas a gente sabe que a Polícia Militar não tem estrutura para isso", afirmou. O Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo de Londrina (Metrolon) afirmou, por meio de nota, que medidas de segurança que "não podem ser reveladas para não prejudicar o cumprimento, já foram tomadas em conjunto com os órgãos de segurança competentes".

Em entrevista coletiva, ontem, o secretário de Segurança Pública, Cid Vasques, voltou a afirmar que o Estado qualifica os ataques a ônibus como atos isolados. Para ele, os atentados não seriam atividade do crime organizado. "O que estamos percebendo são ações isoladas, sem vinculação específica", disse.

Mesmo considerando a maioria dos atos como vandalismo, Vasques ressaltou que o Estado está em alerta a qualquer movimentação anormal dentro das unidades prisionais.

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