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Cascavel – O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) contratou vigilantes particulares para cuidar da área de reflorestamento e de reserva legal do assentamento de reforma agrária Celso Furtado, em Quedas do Iguaçu (Centro-Oeste do estado). Motivo: os constantes roubos de madeiras ocorridos no local, que tem 4.836 hectares cobertos de araucária, pinus e eucalipto – um patrimônio avaliado em R$ 77 milhões. A polícia suspeita que assentados estejam participando dos cortes ilegais.

O trabalho começou a ser feito há 20 dias pela empresa Proteção, Vigilância Patrimonial e Industrial. Ela venceu o pregão eletrônico e vai receber R$ 61.250,00 por 12 meses de contrato, que pode ser prorrogado para até 60 meses. A vigilância privada está sendo feita em 25.038 mil hectares do assentamento. Ainda estão sendo instalados quatro postos de observação e quatro guaritas, que funcionarão 24 horas e terão vigilantes armados.

O superintendente do Incra no Paraná, Celso Lisboa de Lacerda, disse que a medida tem o objetivo de proteger o patrimônio verde e evitar mais crimes ambientais no assentamento, um dos maiores do país, com 958 famílias. "É nosso dever proteger esse patrimônio contra o corte ilegal de madeira", afirma Lacerda, lembrando que a avaliação do inventário florestal foi feita pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 2004. De acordo com informações do Incra, a retirada ilegal ocorre onde existem mais de duas mil araucárias plantadas com idade média de 15 anos e alto valor comercial.

Biodiversidade

A área também faz parte do corredor de biodiversidade do remanescente da Mata Atlântica do estado. Ele integra parques e reservas, setores de cultivo e pastagem, centros urbanos e outras atividades. Manter o que restou da floresta nativa significa garantir a sobrevivência de espécies vegetais e assegurar o equilíbrio dos ecossistemas. O superintendente do Incra garante que, até agora, os cortes ilegais não atingiram o remanescente da Mata Atlântica nem as áreas de mata nativa. "Nós temos um laudo do Instituto Ambiental do Paraná atestando que não há danos a esses dois sistemas. O que existe é corte irregular de madeira plantada na área de reflorestamento", diz Lacerda.

A extração ilegal de araucária e de pinus vem sendo investigada pela Polícia Federal com o apoio das polícias Militar e Civil de Quedas do Iguaçu. A Polícia Civil já abriu 22 procedimentos investigatórios nos últimos dois anos e a Polícia Federal outros dez para apurar as denúncias de crimes ambientais ocorridos nas áreas controladas pelo Incra, sobretudo em Quedas do Iguaçu e Rio Bonito do Iguaçu.

MST

"Não há dúvida que o corte ilegal de madeira tem a conivência de alguns assentados e alguém lá de dentro está organizando tudo isso", afirma o delegado de Quedas do Iguaçu, Clóvis Possebom. O assentamento Celso Furtado é controlado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Em nota enviada a reportagem, o MST do Paraná informa que fez várias denúncias ao Incra e à Polícia Federal sobre a retirada de madeira do assentamento Celso Furtado. O movimento garante que as pessoas envolvidas com a extração de madeira não são integrantes do MST nem assentados na área, mas podem estar irregularmente no local. "Essas pessoas [os assaltantes] agem por interesse de madeireiros de fora", diz Lacerda. Segundo ele, algumas famílias já foram identificadas e expulsas do acampamento. "O Incra vai pedir a abertura de processo criminal contra essas pessoas, que terão de reembolsar os prejuízos causados para a União com a venda da madeira."

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