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Curitiba e os municípios da região metropolitana (RMC) fecharam 2011 com uma redução de 5,9% no número de homicídios. Segundo os dados divulgados na tarde desta quarta-feira (4), pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), capital e RMC somaram 1.543 assassinatos no ano passado, ante 1.641 casos em 2010. Os números não levam em conta casos de lesão corporal seguida de morte, latrocínio e confrontos com a polícia. O índice diverge do divulgado pela Sesp, que aponta que houve recuo de 12,5% no número de mortes.

O balanço também traz números específicos sobre Curitiba, conforme a Gazeta do Povohavia adiantado na terça-feira (3). Os novos dados apontam que a capital teve 684 assassinatos em 2011, ante 750 registrados em 2010: redução de 8,6%. No cálculo feito pela Sesp, a redução foi de 9,8%. A capital paranaense terminou 2011 com índice de 38,9 homicídios por 100 mil habitantes, quase três vezes mais que o considerado aceitável pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Considerando só os municípios da RMC, 2011 terminou com 858 homicídios, número 3,7% menor do que os 891 registrados em 2010. Pelas contas da Sesp, a redução foi de 5,7%. Na terça-feira, a Gazeta do Povo adiantou que Pinhais havia conseguido reduzir pela metade o número de mortes violentas.

De acordo com a Sesp, a meta é reduzir esses números até 2014. A secretaria pretende atingir a marca de 21,36 homicídios por 100 mil habitantes, o que significará a redução de 2.386 assassinatos. Com isso, o Paraná ficaria abaixo da média nacional, que é de 26 por 100 mil pessoas.

Avaliação

Para as autoridades de segurança, a redução está alicerçada na integração entre as polícias Civil, Militar e Federal, além da Guarda Municipal. Na terça-feira, em entrevista à Gazeta do Povo, o porta-voz da Polícia Militar (PM), major Antonio Zanata Neto, ressaltou o uso do serviço de inteligência e canais como o telefone 181 (por meio do qual a população pode apresentar denúncias anônimas) para definir estratégias de segurança.

O delegado Rubens Recalcatti, chefe da DH, mencionou as operações realizadas pela polícia em localidades de grande incidência de homicídios como determinantes para coibir assassinatos e diminuir o índice. Um exemplo foi o trabalho policial realizado na Vila Sabará, na Cidade Industrial, onde três jovens morreram em 20 dias, vítimas da disputa entre gangues. "Identificamos o problema, agimos e as mortes pararam de ocorrer. Também foi assim em bairros como Tatuquara, Uberaba e Vila Estrela", enumera o delegado.

Para 2012, as autoridades devem apostar na continuidade dessas operações e na "comunitarização" da polícia, aproximando os polícias da sociedade na qual devem atuar.

Desafios

Apesar da redução significativa, Curitiba tem uma série de desafios e de taxas negativas a combater. De acordo com o Mapa da Violência 2012, divulgado em dezembro do ano passado pelo Instituto Sangari, Curitiba é a sexta capital mais violenta do país. Em 2000, a capital paranaense ocupava a 20ª posição e tinha um dos menores índices de homicídios.

O mesmo estudo aponta que, em números absolutos, a taxa de homicídios em Curitiba subiu 135,3% em dez anos. Em 2000, foram registrados 416 assassinatos na capital, contra 979 em 2010 (número que diverge do apresentado pela DH). O indicador supera o de outras capitais como Recife (890), Belo Horizonte (830) e Porto Alegre (518).

Não se pode falar em tendência, diz especialista

O sociólogo Pedro Bodê, professor do Centro de Estudos em Segurança Pública, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), classificou a redução como "expressiva", mas avaliou que não é possível falar em tendência de redução do índice de homicídios. Ele menciona o Mapa da Violência, que demonstra que a curva da violência se manteve ascendente nas últimas décadas. "Você pode falar em tendência quando se tem um crescimento consolidado de anos anteriores. O que temos é um ano com redução expressiva", apontou. O especialista ressalta que é preciso analisar a metodologia do levantamento, já que há diferenças entre os dados apresentados e os números do Mapa da Violência e do Datasus.

Para o professor, não é possível afirmar que a redução se deva a políticas determinadas neste ano pela Secretaria de Segurança Pública (Sesp), cujos efeitos só poderiam ser mensurados a partir de meados deste ano. Bodê vê com "reticências" as propostas do programa Paraná Seguro, anunciado em 2011 pelo governo do estado e que prevê, entre outras coisas, a contratação de policiais.

"O meu pessimismo é porque tem muita coisa em segurança pública que impacta nas eleições. O meu pessimismo é porque a segurança do Paraná está consolidada sob um modelo esgotado e arcaico. Qualquer elemento novo que é inserido numa estrutura ultrapassada, tende a ser absorvido por essa estrutura", conclui.

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