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Índios colocavam troncos de árvore na BR-473 quando reportagem chegou | Cesar Machado Vale Press
Índios colocavam troncos de árvore na BR-473 quando reportagem chegou| Foto: Cesar Machado Vale Press

O outro lado

A culpa é da velocidade

O líder indígena Sebastião Tavares, da Aldeia Rio das Cobras, nega que integrantes da comunidade estejam provocando acidentes e assaltos na rodovia. Ele culpa o excesso de velocidade pelos constantes tombamentos de caminhões na região. "Às vezes tomba uma carga e eles culpam os índios", diz.

Apesar de negar a ação, quando a equipe da reportagem se dirigia à aldeia, um grupo de índios foi flagrado no momento em que colocava troncos e galhos de árvores sobre a pista da BR-473, que liga a rodovia BR-277 à Região Sudoeste. Ao perceberem que estavam sendo fotografados, eles retiraram os galhos e se dispersaram no matagal.

Uma operação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), iniciada há dez dias e sem data para terminar, pretende coibir o roubo de cargas na BR-277, em Nova Laranjeiras, no trecho que corta a aldeia indígena Rio das Cobras. A polícia acusa integrantes da tribo – que tem quase 3 mil índios-guaranis – de bloquear a rodovia para causar acidentes com caminhões e, depois, saquear as cargas. A liderança indígena nega as acusações.

A Polícia Militar (PM) de Nova Laranjeiras confirma as denúncias e diz que com frequência a equipe é acionada para dar apoio aos policiais rodoviários. Um policial militar contou que, na semana passada, quando retornava de um patrulhamento, encontrou pedaços de concreto espalhados pela pista.

Segundo a PM, no último caso em que a corporação foi acionada para auxiliar PRF, cinco pessoas foram detidas nos dias seguintes ao furto da carga, mas por receptação dos produtos. Os detidos, que não pertencem à aldeia, foram liberados após prestarem depoimentos. Já a PRF diz ter prendido sete pessoas – quatro indígenas e três colonos que agem na região.

A operação batizada de Guarani tem o trabalho de 12 policiais e está concentrada em um trecho de 30 quilômetros. Segundo o inspetor Eliel Weiss, chefe do núcleo de policiamento de fiscalização de Cascavel, a região onde se concentra a operação é de serra, o que facilita a ação dos saqueadores.

Desde fevereiro, foram registrados dez ataques a caminheiros. Só no mês de julho, foram três. Os motoristas – vítimas dos saques – contaram à polícia que o grupo de índios e colonos coloca obstáculos na pista, provocando o acidente ou obrigando o condutor a parar. A pista é interrompida com troncos de árvores e galhos com espinhos ou blocos de concreto pré-moldado. Até óleo já foi colocado na pista para deixá-la escorregadia e provocar derrapagens. Assim que o veículo para ou tomba, um grupo de pelo menos 100 pessoas sai da mata e abre o compartimento de carga para saquear o que é transportado. Nos últimos acidentes, uma carga de carne, avaliada em R$ 200 mil, foi levada.

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