Três biólogos que prestam serviço para a Eletrobras foram feitos reféns por índios da etnia munduruku em Jacareacanga, no Pará, na sexta-feira (22) e seguem em poder dos indígenas neste sábado, disseram a Secretaria-Geral da Presidência da República e a estatal de energia.
Os três biólogos mantidos reféns são Djalma Nóbrega, Luiz Peixoto e José Guimarães, da empresa Concremat, que é contratada pela Eletrobras. Os biólogos realizavam estudos de fauna e flora para o licenciamento ambiental para o projeto da usina hidrelétrica de Jatobá. O projeto ainda está na fase inicial de estudos. Nenhum local visitado pelos pesquisadores é terra indígena, segundo a Eletrobras.
O governo afirmou que o mundurukus levaram os biólogos inicialmente para a aldeia, que fica a menos de uma hora de barco da cidade. Neste sábado, porém, os biólogos foram levados para o centro da Jacareacanga, onde são mantidos reféns. A Secretaria-Geral e o Ministério Público estão tentando negociar com os índios, mas ainda não estão claras as reivindicações dos mundurukus, que há duas semanas estiveram em Brasília e tentaram invadir o Palácio do Planalto.
Até agora, segundo o governo, o único pedido feitos pelos índios é que os biólogos deixem seus equipamentos e pesquisas no local para serem liberados. O governo também disse que não há informações de que os técnicos da Eletrobras tenham sofrido agressões.
Em nota, porém, a Eletrobras informou que os equipamentos e os estudos foram roubados. "Além da truculência do sequestro, foram roubados câmeras fotográficas e computadores com os registros da expedição e também o material coletado pela equipe, comprometendo a qualidade dos estudos realizados e impedindo sua continuação", disse a empresa.
A situação indígena no país tem preocupado o governo, e a presidente Dilma Rousseff já deu declarações públicas pedindo que sejam evitados conflitos. Há algumas semanas, um índio de 35 anos foi morto a tiros durante a operação de reintegração de posse de uma fazenda em Sidrolândia, no Mato Grosso do Sul, que havia sido ocupada por índios da etnia terena. Revoltados, os indígenas voltaram a ocupar o local no dia seguinte, armados com paus, arcos e flechas.
A situação levou o governo federal a atender a um pedido do governador André Puccineli (PMDB) e enviar 110 homens da Força Nacional ao Estado para ajudar na resolução do conflito.
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