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Casos recentes de violência no Paraná

• 05/09/2007 – o estudante Oziel de Freitas Israel é morto com quatro tiros nas costas ao sair do Colégio Estadual Sol de Maio, em Foz do Iguaçu, onde cursava o terceiro ano do ensino médio.

• 18/08/2007 – em Foz do Iguaçu, levantamento do Núcleo Regional de Ensino indica que a violência e o contrabando estão contribuindo para aumentar os índices de evasão escolar. A escola perde alunos em duas frentes: ou por medo de serem abordados por gangues e assaltantes no caminho do colégio ou para transportar cigarro na Ponte da Amizade, na fronteira com o Paraguai.

• 29/03/2007 – briga entre alunos do Colégio Estadual Guilherme Maranhão, no Tatuquara, em Curitiba, serve de estopim para confusão entre estudantes e policiais da Patrulha Escolar. Moradores fecharam a rua protestando contra a violência policial

• 20/03/2007 – aluno da 8.ª série da Escola Estadual Ana Garcia Molina, no Jardim Interlagos, zona leste de Londrina, agride professora com barra de ferro dentro da sala de aula. A agressão provocou confusão na escola e protestos dos pais, receosos com a violência na instituição.

• 13/03/2007 – diretor do Centro Estadual de Educação Profissional de Curitiba, Edson Luís Martins, é agredido com socos, pontapés, pauladas e pedradas por 15 alunos da instituição.

• 12/02/2007 – uma menina de 11 anos é atingida na cabeça por uma bala perdida, na entrada da Escola Estadual Anita Canet, em Fazenda Rio Grande, na região metropolitana de Curitiba. A estudante entrava no colégio quando teve início uma briga envolvendo dois grupos rivais de adolescentes. O barulho de um disparo foi ouvido em seguida e a menina caiu ferida.

A indisciplina e a violência na sala de aula têm a sua origem longe da escola. Em geral, o problema decorre da ausência e da desatenção dos pais, cada vez mais atarefados e menos predispostos a acompanhar a educação dos filhos. A avaliação é de professores participantes do 3.º Seminário Indisciplina na Educação Contemporânea, promovido pelo Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe) em parceria com universidades paranaenses, que está sendo realizado em Curitiba.

As escolas também têm sua parcela de responsabilidade, segundo Joe Garcia, professor do mestrado em Educação da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) e organizador do seminário. Falta para muitas habilidade para lidar com os problemas e aflições das crianças e adolescentes.

As conclusões dos professores encontram respaldo em trabalhos apresentados e discutidos no seminário. Entre eles está a tese "Limites e Indisciplina na Educação Infantil", que virou livro pela editora Átomo e Alínea, e está chegando na sua segunda edição. Elaborado pelas pedagogas Marli Aparecida Valério e Maritza Rolim de Moura Vergés, o estudo demonstra, por meio de entrevistas realizadas com pais, alunos e professores, que quanto mais organizada e definida a rotina das crianças em casa, melhor sua adaptação às regras do colégio. "Se em casa a criança tem horários definidos para comer, para dormir e para brincar, a adaptação à escola é mais fácil", diz Marli. Do mesmo modo, se a criança não tem um ambiente rotinizado em casa, a tendência é que a adaptação às regras da escola seja mais complicada.

A relação entre pais e escola também foi tema de um trabalho realizado por Garcia, no qual ele entrevistou 420 professores do Paraná e de Santa Catarina. "Segundo a maioria dos profissionais, os pais são os principais responsáveis pela indisciplina nas escolas", afirma. O estudo também mostrou que as três principais queixas dos educadores são semelhantes. Os professores reclamam da ausência de limites, da falta de respeito e de cooperação por parte dos estudantes.

"Pedagogicamente as três respostas significam a mesma coisa, que houve uma ruptura nos vínculos de cooperação aluno/professor. E se o aluno não vê oportunidade de aprendizagem, surge a oportunidade da indisciplina", explica Garcia.

Para o professor, o desafio das escolas é justamente buscar reforçar esse vínculo, apesar de problemas familiares, sociais e estruturais enfrentados pelos alunos. "Primeiro é preciso dizer que a questão da disciplina na escola não é isolada do que ocorre fora da escola. A violência de dentro é um sintoma da de fora", afirma a professora Janeslei Aparecida Albuquerque, secretária educacional do Sindicato dos Trabalhadores da Educação no Paraná (APP– Sindicato). Para Janeslei, mais do que nunca, a escola precisa servir como um "reduto contra a barbárie". A lógica é simples. Em um mundo com regras ditadas pela violência, a escola tem de assumir seu papel de mediadora de conflitos, de forma democrática, com possibilidade de voz ativa para pais, alunos, professores e membros da comunidade. "Contra a lógica da violência temos de impor democracia e mais democracia", ressalta.

A participação dos pais, aliás, é uma das máximas defendidas com unanimidade entre os professores. "Proximidade de pai e mãe com aluno é o diferencial", ressalta Garcia, que faz um alerta às instituições de ensino: "De modo geral as escolas pouco buscam a presença e quando buscam não sabem se comunicar com os pais. Ainda mandam bilhetinhos."

Envolvimento

Em alguns colégios, a premissa do envolvimento com a família parece já ter sido assimilada. Na Escola Atuação, em Curitiba, por exemplo, as decisões são tomadas em conjunto. "Se damos uma regra, os pais têm de assinar embaixo", diz a diretora Hester Cristina Pereira. Com o apoio dos pais, a escola não registrou mais problemas graves de indisciplina como brigas e agressões. O Atuação também seguiu uma orientação há muito adotada em países europeus. As turmas são pequenas, com no máximo 20 alunos por sala. "Essa medida nos permite realmente saber sobre cada aluno, quem é, o que pensa, como age e quem são os pais."

Serviço: o Seminário Indisciplina na Educação Contemporânea prossegue hoje no Sinepe (Rua Guararapes, 2028), em Curitiba. Informações pelo telefone 3336-6643.

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