Eloy Casagrande diante do vidro que serve de “muro” no Escritório Verde: estrutura permite ver a obra da calçada e ainda diminuiu o barulho vindo da rua| Foto: Felipe Rosa/Gazeta do Povo

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Que tipo de incentivo faria a construção sustentável deslanchar no Brasil?

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O deck é de plástico feito a partir de materiais reciclados e o piso da calçada evita a impermeabilização do solo
O telhado verde, repleto de grama, refresca o ambiente interno
Parece pastilha cerâmica, mas não é. O banheiro é revestido com plástico feito com produtos reaproveitados
Os visitantes podem conferir como é feita a parede: de madeira certificada vinda de áreas de reflorestamento e recheada com uma manta produzida a partir de garrafas pet e outra de restos de pneus, que garante isolamento térmico e acústico
A água é aquecida por uma placa termodinâmica: parece a estrutura que fica atrás das geladeiras, mas tem efeito inverso
O Escritório Verde foi construído sem que a UTFPR precisasse investir dinheiro. Empresas parceiras do projeto forneceram materiais e serviços
O sistema de captação de água da chuva abastece os banheiros e garante a irrigação das áreas verdes
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Do alicerce ao teto, da posição das janelas ao revestimento do banheiro: todos os mínimos detalhes foram analisados no projeto do Escritório Verde da Universidade Tecno­lógica Federal do Paraná (UTFPR) para que a obra fosse o menos poluente e o mais sustentável possível. O resultado de tanto esforço para provar que dá para aliar funcionalidade, conforto e melhor aproveitamento dos recursos disponíveis foi a premiação concedida pela Organização das Nações Unidas (ONU) na semana passada. O Escritório Verde concorreu com outros 30 projetos de centros de educação para a sustentabilidade e foi considerado um modelo a ser replicado em outras partes do mundo.

>> Fotos: veja mais imagens com detalhes do Escritório Verde

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A proposta foi idealiza­da pelo professor Eloy Casa­grande. A UTFPR praticamente não precisou desembolsar dinheiro para fazer o escritório. Empresas interessadas em mostrar as técnicas que desenvolvem e oferecer materiais para teste forneceram produtos e serviços. "Isso aqui é uma vitrine", comenta Casagrande. A construção e o uso diário das técnicas viraram estudo de caso para dois cursos de doutorado, três de mestrado, além de monografias de especialização e graduação.

Após dez meses da inau­guração, já é possível quan­tificar o que representou a instalação de técnicas disponíveis no mercado para construções sustentáveis. Em relação aos imóveis convencionais, o prédio consome 30% menos energia elétrica. Os materiais usados, a disposição das janelas (que garante mais circulação de ar, dispensando o aparelho de ar condicionado, e mais entrada de luz natural) e a utilização das econômicas lâmpadas de LED contribuíram para a redução no consumo de eletricidade.

Também é menor o consumo de água. A estimativa é de que o sistema de captação de chuva – aliado a técnicas hidráulicas mais econômicas – representou uma economia de 50%. Normalmente uma construção com técnicas sustentáveis custa de 10% a 20% mais, contudo, o professor ressalta que o gasto adicional é compensado com a redução de despesas no decorrer do uso.

O prédio, que fica na Avenida Silva Jardim, ao lado da sede da universidade em Curitiba, é constantemente visitado por curiosos, pesquisadores e empresários. A construção é modular e, dessa forma, gera menos resíduos. Uma manta feita de garrafas pet e uma faixa de pneus reciclados estão dentro das paredes de madeira processada, garantindo conforto térmico e isolamento acústico. No banheiro, o que parece uma aplicação de pastilhas cerâmicas é na verdade um revestimento plástico.

Dificuldades

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Para o idealizador do Es­critório Verde, um dos empecilhos para que as construções sustentáveis se multipliquem é a falta de estímulo governamental, como linhas de crédito, subsídios e isenção de impostos. "Em muitos outros países, as energias renováveis são incentivadas", diz. Ele reconhece que encontrar mão de obra especializada ainda é difícil.

Em todo o mundo existem 101 centros de educação para sustentabilidade. No Brasil são três – há também um no Rio de Janeiro e outro em São Paulo –, mas o de Curitiba foi pioneiro, e Casagrande assegura que é o único a seguir os padrões de construção sustentável.

Energia solar é viável mesmo em Curitiba

A capital menos ensolarada do Brasil é capaz de garantir que o Escritório Verde da UTFPR seja autossustentável em energia. O professor Eloy Casagrande reconhece que dentre as técnicas aplicadas na construção a que mais trouxe resultados positivos foi o sistema de energia solar. Além de garantir toda a eletricidade necessária para o funcionamento do escritório, a produção gerou excedente, encaminhado para outro prédio da UTFPR. "O Escritório Verde provou que mesmo em Curitiba a energia solar é viável", diz.

A geração é equivalente ao necessário para abastecer oito casas. O custo de mercado do sistema é de R$ 18 mil. "Conheço professores que estavam há cinco anos tentando fazer uma construção para pesquisar o uso de energia solar", comenta. O fato de o prédio contar com mais iluminação natural, com lâmpadas econômicas e com um sistema de circulação de ar e de conforto térmico que dispensa aparelhos de ar condicionado contribuiu para que menos energia fosse necessária.

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Com a intenção de difundir técnicas, a Empresa Júnior de Ecoconsultoria – formada por estudantes e professores da UTFPR e abrigada dentro do Escritório Verde – está promovendo um curso sobre energia solar nos dias 25 e 26 de outubro. Para mais informações basta consultar o endereço www.econsultoria.org.br/curso.

Exemplo a ser replicado