A fraude eletrônica em bombas de combustível com controle remoto pode mudar a forma como hoje é feita a fiscalização em postos. O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) planeja fazer inspeções-surpresa para tentar estar um passo à frente dos fraudadores. Fiscalizar sem os proprietários dos postos saberem que estão sendo monitorados é um caminho natural, segundo o técnico em Metrologia e Qualidade do Inmetro, Luiz Fernando Rust.
Fiscalização
De acordo com ele, os mecanismos de segurança e fiscalização atuais não têm sido suficientes. "Precisamos sim fazer fiscalização não declarada, fazer o que fez a reportagem", exemplifica. O Fantástico mostrou que a fiscalização aberta fazia com que os fraudadores desativassem o esquema apertando o botão do controle remoto quando os agentes apareciam nos postos.
Rust lembra que não existe qualquer lei que proíba os fiscais de realizarem ações-surpresa. No entanto, essa forma de atuação não faz parte do sistema estabelecido pelo Inmetro. "Não é um procedimento da metrologia legal", lembra. O técnico ressalta que há alguns anos as fraudes deixavam rastros e, por isso, não era preciso fiscalizar sem aviso prévio.
A necessidade de estabelecer uma proteção mais eficaz é outra consequência gerada pelo avanço das fraudes. Segundo Rust, o lacre eletrônico deverá ser uma sintetização de todos os procedimentos de segurança da informação. Ele contesta a informação de que o sinal do controle remoto usado na fraude dos combustíveis pode se localizado sem ser acionado por um detector de radiofrequência, conforme mostrou a Gazeta do Povo no último domingo.
De acordo com ele, o sinal seria detectado somente quando fosse acionado e, mesmo assim, poderia ser confundido com qualquer outro pulso de controle, como os de tevês e portões automáticos. Segundo ele, o detector até ajudaria, mas não seria garantia de sucesso na fiscalização. Segundo ele, a fraude também pode ser feita sem o uso do controle, sendo acionada apenas por junções de fios nas placas.
Interrogatório
O primeiro dono de posto interrogado pela Delegacia do Consumidor (Delcon) de Curitiba negou ontem qualquer participação no esquema. De acordo com o delegado titular da Delcon, Jairo Estorílio, Ângelo Albuquerque Gobbo, proprietário dos postos Arrancadão e Jockey, disse que pagava a Cléber Salazar, dono da Power Bombas, cerca de
R$ 400 por mês pela manutenção nas bombas. Gobbo, segundo a polícia, não conseguiu explicar o motivo dos lacres das bombas de seus postos estarem rompidos.
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