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NOVIDADE | Mauro Campos
NOVIDADE| Foto: Mauro Campos

Cem anos depois de Alberto Santos Dumont, um paranaense quer repetir um feito do pai da aviação.O instrutor de vôo Fábio Luiz Almeida, 43 anos, passou os últimos três anos debruçado sobre a construção de uma réplica do Demoiselle, avião concebido por Dumont um ano depois do vôo inaugural do famoso 14-Bis, em 1906. Segundo Almeida, testes já apontaram que a sua réplica tem condições de levantar vôo tal como o original. A prova final, no entanto, acontece entre outubro e novembro.

Outras réplicas de Demoiselle ao redor do mundo e mesmo no Brasil já levantaram vôo. Segundo Almeida, entretanto, só obtiveram sucesso aquelas que sofreram adaptações à modernidade. Já as que se mantiveram fiel ao projeto de Dumont não alçaram vôo. "As que voaram não eram réplicas exatas, eram feitas de alumínio e não de ferro. Fizemos um Demoiselle como aparecia na foto. Pesquisando descobrimos alguns segredos que fazem com que o avião voe", afirma Almeida.

Dedicação

O instrutor de vôo, nascido em Jandaia do Sul, Norte do Paraná, precisou de incontáveis horas de trabalho e da ajuda de um grupo de amigos colaboradores para levar a idéia adiante. "Tenho uma dívida com os meus amigos que ajudaram", diz. Longe dos US$ 5 milhões investidos em uma das réplicas do Demoiselle na França, Almeida, com recursos próprios, investiu no sonho cerca de R$ 40 mil, além de fins semanas inteiros e cerca de duas horas diárias de segunda a sexta-feira nos últimos três anos – o modelo feito por Dumont levou quinze dias para ser concluído. "Demoramos porque tentamos achar materiais da época para que a réplica ficasse o mais fiel possível", explica Almeida.

Depois de tanto esforço, o grupo está entusiasmado com a concretização do sonho. A pista localizada na chácara de um amigo, em Piraquara, será utilizada como local da prova final. "Já fizemos ensaio e já ficou provado que ele funciona. Ele voou por 30 metros a 0,5 metros de altura em um lugar sem muito espaço. Estamos entusiasmados. Queremos ajudar a levantar a cultura da aviação no Brasil", diz Almeida.

Original

O original Demoiselle n.º 19 de Dumont era um avião azul, minúsculo, simples e leve. Chegou a voar por 20 quilômetros, a 100 metros de altura do chão, por quinze minutos. A armação com cerca de seis metros de comprimento era feita de ferro, bambu e corda de piano. O leme (que faz o avião virar) e o profundor (que faz subir e descer) eram feitos em um comando único. O Demoiselle era movido a benzina e o combustível era depositado em um tanque de bronze. O piloto ia sentado com a perna encolhida abaixo da asa, logo atrás das rodas.

Santos Dumont colocou esse modelo de avião à disposição pública, com todos os detalhes e especificações, para livre reprodução, sem exigir nenhum direito comercial. Assim, o Demoiselle ficou conhecido por ser o primeiro avião fabricado em série no mundo. No final de 1909, mais de 40 já haviam sido construídos e vendidos, ao preço de 5.000 a 7.500 francos – valor, na época, de um automóvel de tamanho médio.

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