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Fosse uma partida de futebol, Curitiba estaria numa dividida pelo título de cidade universitária. Na disputa pela bola estão Maringá, Cascavel, Ponta Grossa e Umuarama, além de Londrina – sede da Universidade Estadal de Londrina (UEL), uma das mais festejadas instituições públicas do país. As concorrentes podem até não ter todo o equipamento educacional da capital, onde se concentram cerca de 20% das instituições e 40% do alunato de ensino superior – algo em torno de 102 mil estudantes. Mas o interior ganhou forma e poder na última década, seguindo a tendência nacional de expansão do terceiro grau, acumulando 170 mil acadêmicos – 62% da comunidade universitária.

Exemplos não faltam: a Universidade Paranaense (Unipar) e a Universidade Norte do Paraná (Unopar) – as duas particulares e que nasceram miúdas nos anos 70 – somam hoje 34 mil alunos, metade do número de estudantes espalhados pelas 5 universidades e 12 faculdades estaduais em 19 cidades. As faculdades privadas andam mais rápido e crescem em média 15% ao ano, de acordo com o Censo do Ensino Superior 2003. A expansão inclui instituições curitibanas em novo endereço. Em 2002, a Pontifícia Universidade Católica (PUC) abriu câmpus em Londrina, Toledo e Maringá, contabilizando 1.721 estudantes. A Uniandrade segue a tendência, já instalada em Ponta Grossa e Maringá. Sem falar na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), o antigo Cefet, com unidades em Campo Mourão, Cornélio Procópio, Medianeira, Pato Branco e Dois Vizinhos, somando quase 6 mil alunos de terceiro grau.

De acordo com levantamento do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão do Ministério da Educação (MEC), o Paraná contabiliza 151 instituições de ensino superior, sendo 111 no interior. O estado arrebanha 36% dos estudantes superiores do Sul do país. O dado é de 2003, mas é o bastante para mostrar de onde vem o adubo. No Brasil, segundo o Inep, o sistema privado cresce e soma 71,8% do bolo do terceiro grau.

Os números no Paraná são espantosos. Em 2000, havia 29 faculdades particulares no interior. Em 2002, passaram a ser 67. A tendência se repetiu em 2003, quando saltou para 111 instituições. Na capital, de 2000 para 2002 o passo foi pequeno – de 14 para 15. Mas em 2003 havia cerca de 40 faculdades em Curitiba, sem contar as públicas e as surgidas nas cidades da região metropolitana.

Na década de 90, essa conta sucumbiria ao teste de qualidade. Boa parte das faculdades de interior dificilmente ultrapassava mil alunos e carregava a fama de varzeana. Para ajudar, estavam isoladas demais para se fazerem notar. O que mudou é que as 111 instituições do interior de hoje estão em 60 cidades – algo como uma faculdade para cada 6,5 municípios.

A fila andou

A ampliação de rede foi orquestrada pelo governo FHC e está registrada no Plano Nacional de Educação (PNE), de 2000. A meta era enterrar a estatística papagaiada com uma ponta de orgulho nas formaturas: "Somos 4% da população brasileira." A meta passou a ser 30% da população dos 18 aos 24 anos. O Censo Educacional 2003 estima que 9% dessa parcela esteja na faculdade – 3,9 milhões de estudantes em quase duas mil instituições. Há picos de 13% de alunos. Se o cálculo for aplicado no Paraná, conclui-se que a fila realmente andou.

O estado tem 1,255 milhão de jovens entre 18 e 24 anos. Desses, 272.714 estão matriculados no ensino superior, ou seja, cerca de 20%. Detalhe: 170 mil desses jovens encaram a aventura universitária sem precisar cruzar o Primeiro Planalto.

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