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Alessandro Meneghel é acusado da morte de um agente da Polícia Federal: caso chocou Cascavel | Aílton Santos/O Paraná
Alessandro Meneghel é acusado da morte de um agente da Polícia Federal: caso chocou Cascavel| Foto: Aílton Santos/O Paraná

Violência preocupa no Oeste

Luiz Carlos da Cruz, correspondente

A cidade de Cascavel, na região Oeste, vem registrando um aumento considerável no número de mortes violentas. De acordo com dados da Polícia Civil, neste ano foram registrados 76 assassinatos, quatro latrocínios e seis mortes em confronto com policiais, totalizando 86 mortes violentas. A quantidade supera em 25 mortes o total dos seis primeiros meses de 2011, quando ocorreram 61 casos.

O delegado Luis Rogério Sodré, responsável pelo setor de Homicídios da 15.ª Subdivisão Policial, diz que a maioria dos assassinatos é decorrente do tráfico de drogas. "Analisando a vida pregressa das vítimas, a maioria tem envolvimento com o tráfico. Uma pequena parte é motivada por desavenças ou por questão passional", afirma.

Ainda de acordo com levantamento feito pela polícia, 45% das vítimas são jovens de 15 a 25 anos. Segundo o delegado, 60% dos casos registrados em 2012 foram esclarecidos, o que não significa que os autores estejam presos. "As prisões dependem também do Judiciário", afirma Sodré.

Um dos assassinatos com maior repercussão na cidade ocorreu em 14 de abril, quando o ruralista Alessandro Meneghel matou a tiros o agente da Polícia Federal Alexandre Drummond Barbosa em frente a uma casa noturna de Cascavel. Meneghel está preso desde o dia do crime e no último dia 20 ele participou da primeira audiência sobre o caso na 3.ª Vara Criminal. Um mês após o assassinato, amigos e colegas de trabalho do agente realizaram um protesto no local onde ele foi morto.

UPS

A insegurança em Cas­cavel levou o deputado estadual Adelino Ribeiro (PSL) a requerer a instalação de uma Unidade Paraná Seguro (UPS) – a UPP paranaense – na região norte de Cascavel, onde se concentra a maioria dos crimes. "Infelizmente, boa parte dessas mortes têm ocorrido na região Norte e por isso se faz necessária a ação rápida do governo do estado. E a instalação da UPS é uma medida que poderá trazer mais tranquilidade para os moradores da cidade", disse o parlamentar.

Três cidades do interior do estado receberão reforço para a solução dos crimes de homicídio. Além de Curitiba e Foz do Iguaçu, os municípios de Londrina, Maringá e Cascavel contarão com delegacias especializadas na área. As unidades serão entregues até, no máximo, a segunda quinzena de julho, de acordo com a Divisão de Polícia do Interior.

O decreto 4.904, que cria as delegacias de homicídios nesses municípios, foi publicado em 6 de junho e está dentro do plano de ação para a redução do número de homicídios em todo o estado. A meta da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), até 2015, é reduzir para 21,5 o índice de mortes dolosas por 100 mil habitantes no estado. Só no primeiro trimestre deste ano, de acordo com o relatório apresentado pela Sesp, o Paraná contabilizou 29,5 assassinatos por 100 mil moradores.

A decisão atende uma demanda já antiga dos municípios, que cresceram economicamente e aumentaram sua população, mas ainda não tinham uma estrutura especializada para a solução de homicídios. Também o aumento dos casos nesses três municípios tem preocupado a Secretaria. De janeiro a maio deste ano, segundo a Sesp, Cascavel teve 67 assassinatos; Londrina, 46; e Maringá, 24. Nestas cidades, a divisão de homicídios era apenas um setor dentro das subdivisões.

Especialização

Os policiais que irão compor as novas delegacias terão um treinamento especializado com o Instituto Médico Legal (IML), para as perícias. Para Julio Cezar dos Reis, titular da Divisão de Polícia do Interior, a presença dessas unidades com policiais especializados em homicídios irá inibir ações futuras dos criminosos. "A expectativa é que, com a investigação específica e os policiais treinados, identificaremos mais fácil os autores e intimidaremos tanto eles quanto aqueles que, no futuro, pensam em fazer o mesmo", diz.

As novas delegacias de Londrina e Maringá ocuparão os prédios onde eram as Delegacias da Mulher. Em Cascavel será usado o prédio do Instituto de Identificação, que foi realocado. Por enquanto, de acordo com Reis, não está prevista a criação de mais unidades especializadas em outros municípios. No entanto, está prevista no novo estatuto da Polícia Civil a criação da Divisão de Crimes Contra a Vida, a exemplo do que já existe em São Paulo. A instalação tornará ainda mais fácil a resolução dos casos desse tipo de crime em todo o Paraná, afirma Reis.

Análise

A chegada das Delegacias de Homicídios nessas três cidades do interior é muito bem vinda, mas, em curto prazo, a raiz do problema não será atingida, avalia a professora do curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Maringá e coordenadora do núcleo Maringá do Observatório das Metrópoles, Ana Lúcia Rodrigues. "A delegacia é importante, mas atua somente na área da punição, com a prevenção e resolução de casos. Só que a questão criminal é muito mais do que isso, é preciso planejar as cidades e tratar a área social para combater esse problema", conclui.

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