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Projeto de Loanda é tido como modelo

Um projeto de ressocialização dos presos aplicado pela juíza Isabele Noronha, da comarca de Loanda, no Noroeste paranaense, apresenta índices impressionantes e foi tomado como modelo pelo governo paranaense. Batizado de Grão de Mostarda, o programa oferece oportunidades de trabalho aos detentos. Uma vez em liberdade, a juíza escreve cartas de recomendação para empresas aceitarem os ex-presidiários. O índice de reincidência criminal, que no Brasil chega a 80%, está em 15% em Loanda desde o início do projeto. "Espero poder continuar essa missão de ressocialização dos presos pelo resto da vida", disse a juíza.

Quarenta e quatro internos que continuavam detidos no Complexo Médico-Penal do Paraná (CMP), mesmo já tendo recebido alvará de soltura, serão transferidos na sexta-feira (3) para uma clínica particular. A medida é uma parceria do governo estadual com o setor privado. Os internos serão recebidos pelo governador Beto Richa em seu gabinete às 14h30 da sexta-feira.

O CMP, localizado em Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba, é destinado a presos considerados inimputáveis por necessitarem de tratamento psiquiátrico e ambulatorial. Como muitos perdem laços com a família, ficam sem ter aonde ir depois de receberem indulto ou o alvará de soltura. Assim, continuavam no CMP por tempo indefinido. A secretária da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Maria Tereza Uille Gomes, considera a data da transferência "histórica" para a causa de um modelo penal mais humano. "Muitos estavam lá há 15, 20 anos, por terem roubado uma barra de chocolate ou empurrado o irmão", disse.

O anúncio da transferência dos internos do CMP foi feito nesta quinta-feira (2), no Museu Oscar Niemeyer (MON), durante solenidade de apresentação do novo modelo de gestão da execução penal no Paraná. Durante o evento, foram expostos resultados do modelo de detenção aplicado pelo atual governo, que pretende fazer dos presídios estaduais locais de reinserção social. Também foram assinadas mais de 20 parcerias com órgãos públicos e privados, universidades e ONGs, com o intuito de oferecer aos detentos oportunidades de estudo e qualificação profissional.

Inserção

Dos 15 mil presos atualmente no Paraná, 4.500 estão inseridos em programas de estudo e 4.300 fazem algum tipo de trabalho. O governo tem como meta zerar o analfabetismo entre a população carcerária estadual até o início do ano que vem. Até o começo do ano passado, segundo levantamento interno, ainda havia 800 analfabetos entre os detentos do Paraná.

O vice-governador e secretário da Educação, Flávio Arns, destacou um projeto do governo que será enviado nesta quinta-feira (2) para a Assembleia Legislativa, prevendo redução de quatro dias de pena para os presos que apresentarem resenha mensal de um livro. "Temos de oferecer educação e educação profissional, de acordo com a vocação de cada um", disse.

Nova chance

A diretora da empresa têxtil Lafort, Irit Czerny, há dois anos usa detentos como mão-de-obra para sua produção. A medida é possível por meio de parceria com o Departamento Penitenciário do Paraná (Depen), que prevê um dia de redução de pena para cada três dias de trabalho.

Nesses dois anos, quase 200 mulheres presas já trabalharam para a Lafort. Irit conta que, no começo, sofreu resistência dentro da própria empresa, mas convenceu seus parceiros apelando para o emocional. "Todos têm direito a uma chance. E se fosse com um irmão, uma mãe? Eu acredito nesse projeto."

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