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"Não se compara com São Paulo"

Hugo Harada/Gazeta do Povo

Edmilson Pedro de Sousa, 42 anos, morou quase 20 anos em São Paulo. Em 2010, veio a Curitiba por causa de uma proposta de trabalho feito pelos proprietários da pizzaria Avenida Paulista. Souza gostou da cidade. "Não se compara com São Paulo", conta. Outra vantagem é o trânsito. "Em São Paulo demorava duas horas para chegar ao trabalho. Agora levo 20 minutos."

55,9 homicídios por 100 mil habitantes foi a taxa registrada em Curitiba em 2010, segundo dados do levantamento Mapa do Crime, do Instituto Sangari, o dobro do registrado há dez anos. A capital paranaense passou do 20º para o 6º lugar entre as capitais mais violentas. No mesmo período, a taxa no estado de São Paulo caiu de 42,2 para 13,9.

60 veículos por 100 habitantes

Essa é a taxa de veículos de uso particular em Curitiba, uma das mais altas do país, e principal causa dos problemas de trânsito. Na cidade de São Paulo, a taxa é menor: 55 veículos para cada 100 pessoas.

O trânsito de Curitiba piorou muito nos últimos anos, o preço dos imóveis disparou e a segurança é preocupante, mas a cidade continua sendo muito atrativa, especialmente para quem sai do estado de São Paulo. A "invasão" de paulistas pode ser observada nas ruas – houve crescimento das torcidas dos times de São Paulo, como revelado ontem pela Gazeta do Povo – e foi detectada pelo Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Curitiba foi a capital que mais recebeu paulistas (15% dos 142,5 mil que saíram do estado vizinho.)

Das 74.336 pessoas que migraram para Curitiba nos cinco anos anteriores ao Censo de 2010, 29% eram provenientes de São Paulo. Apesar de também fazer fronteira com o Paraná, Santa Catarina ficou bem atrás, com uma participação de 17%.

Segundo o Censo de 2010, 1,5 milhão de brasileiros saí­ram do estado onde moravam para migrar para a capital de outra unidade federativa. Desse total, 142,5 mil pessoas saíram do estado de São Paulo, das quais 21.267 vieram para Curitiba.

"A expulsão populacional, não só em São Paulo como em qualquer lugar, tem uma relação muito forte com o mercado imobiliário", observa a demógrafa Marisa Magalhães, pesquisadora do Instituto Paranaense de Desenvolvimento e Social (Ipardes). "A necessidade ou vontade de adquirir um imóvel maior leva as pessoas a se mudarem", acrescenta.

De acordo com dados da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR), o preço do metro quadrado de área útil em Curitiba subiu 110% entre 2007 e 2012. Para quem vem de São Paulo, onde os imóveis são mais caros, essa elevação dos preços não assusta, explica Marisa.

É o caso da relações públicas Lúcia Nogues, 25 anos. Ela é do interior de São Paulo, mas morou na capital paulista enquanto estudava na USP. Veio para Curitiba em junho de 2011, para trabalhar na GVT, e já comprou um apartamento. "Em São Paulo isso seria inviável. Aqui ainda é possível, e com meu salário consigo morar em um bairro bom, comprar um imóvel confortável", conta. Antes de se mudar, ela também tinha procurado oportunidades de emprego em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro.

Emprego

Pessoas com mais escolaridade e qualificação têm mais facilidade para migrar em busca de qualidade de vida, diz o geógrafo Fernando Braga, professor do Instituto Federal de Minas Gerais. "Na medida em que o mercado de trabalho se desenvolve fora do eixo do grande complexo industrial do Sudeste, esse tipo de migração fica mais fácil. As pessoas conseguem estabelecer projetos de vida e ir atrás deles", afirma.

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