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As próximas publicações do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima, na sigla em inglês) devem enfatizar projeções regionais sobre a transformação do clima. A prioridade foi apresentada na última terça-feira (15) por membros do IPCC em São José dos Campos (SP).

Thomas Stocker, um dos principais pesquisadores do IPCC, defendeu na sede do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) a tese de que um refinamento nos modelos regionais de avaliação poderá levar a previsões mais precisas e a ações mais eficazes de mitigação (corte de emissões de carbono) e adaptação aos impactos da mudança.

“Nosso propósito é avançar o conhecimento científico sobre processos como temperatura e precipitações, por exemplo. Estou convencido de que isso vai melhorar a gestão de áreas agrícolas e florestas nativas”, disse Stocker.

Cerca de cem cientistas de 53 países estão em São José dos Campos para um workshop sobre projeções climáticas. O evento vai até sexta-feira (18). A reunião antecede as eleições para presidente e vice do painel, que devem ocorrer em outubro.

Regionalizar os modelos já aparecia como tendência no último relatório completo do painel, o quinto (conhecido como AR5, de 2014). O sexto relatório de avaliação do clima será publicado entre 2019 e 2020.

Contribuições brasileiras

De olho na Conferência de Paris (COP 21), que acontecerá em dezembro, os pesquisadores enfatizaram que o Brasil vem contribuindo muito no combate ao aquecimento global ao controlar o desmatamento das florestas nativas. Mas, ao mesmo tempo em que se observou queda na parcela de emissões atribuídas ao desmatamento, as provenientes da queima de combustíveis fósseis cresceu.

“Isso é reflexo do enorme esforço que o Brasil vem fazendo desde 2004. Nós já reduzimos nosso desmatamento na Amazônia em 80% nesse período. Como olhar para esse dado do último relatório e não correlacionar com o esforço que o país fez? É uma redução impensável para outros países”, afirma Thelma Krug, presidente da Força-Tarefa em Inventários Nacionais sobre Efeito Estufa do IPCC.

Krug será uma das palestrantes do Fórum Desmatamento Zero, organizado pela Folha de S.Paulo com o patrocínio da Clua (Climate and Land Use Alliance), em 21 e 22 de setembro. Ela participará do painel “Qual a Importância do Desmatamento Zero na Conferência de Paris?”

Como a permissão para suprimir vegetação nativa é assegurada pelo novo Código Florestal, o país continuará com algum desmatamento residual, prevê o governo federal. Krug acredita que seja preciso “um pouco de criatividade” para desacelerar as emissões relacionadas ao desmatamento.

“Ao invés de focar apenas na contenção da supressão vegetal, penso na questão da regeneração e do reflorestamento como medidas a serem adicionadas às nossas contribuições”, diz Krug.

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