Cerca de 33 mil artefatos foram encontrados em área desmatada| Foto: Henry Milléo/ Gazeta do Povo

Ponta Grossa - A vistoria feita na última segunda-feira no entorno da Usina Hidrelétrica de Mauá, em Telêmaco Borba, nos Campos Gerais, constatou danos em dois sítios arqueológicos. A informação foi confirmada ontem pelo superintendente do escritório paranaense do Instituto Nacional de Patri­­mônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), José La Pastina. Desde o último dia 2, a área está embargada pelo instituto.

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O laudo final da vistoria será entregue à superintendência até a próxima sexta-feira, mas La Pastina diz que já é possível afirmar que houve o dano. No final da tarde de ontem, a superintendência se reuniu com representantes do consórcio Cruzeiro do Sul, responsável pela usina. A reunião teria sido apenas preliminar, para discutir os efeitos do embargo.

De acordo com La Pastina, serão tomadas duas providências: uma ação judicial de reparação de danos e a assinatura de um termo de ajuste de conduta para que a situação não se repita. "Não é possível reparar o dano arqueológico, não é como um dano natural, que pode ser reajustado, mas veremos quais medidas eles poderão tomar", afirmou o superintendente. O embargo, que pode ser revisto judicialmente ou pelo próprio Iphan, será rediscutido. "Ainda está embargado, mas amanhã [hoje] vamos conversar novamente para ver o que pode ser feito", considera.

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Abrangência

Os sítios arqueológicos estavam localizados no entorno da barragem que passou por um processo de derrubada das árvores na região que será alagada para a constituição da represa que abastecerá a usina. Portanto, a obra da usina segue normalmente, mas a supressão da floresta está paralisada. Desde 2008, quando começaram as escavações na região, cerca de 33 mil artefatos e fragmentos foram encontrados.

A assessoria de imprensa da Copel, que é maior acionista do consórcio, adiantou que a empresa cumprirá as determinações legais. Afirmou também que desde o início da obra, e ainda atualmente, responsáveis cuidam pela proteção do patrimônio arqueológico da região.

O cronograma das obras da usina está atrasado, mas a geração de energia deve começar ainda neste ano. A usina terá potência de 361 megawatts, o suficiente para atender ao consumo de 1 milhão de pessoas.