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Imbaú – Desnutridos e com micoses, piolhos, pulgas e vermes. Assim chegaram à Casa Lar de Telêmaco Borba, levados pela polícia, os irmãos Jean, 4 anos, Silmara, 5 anos, e Solange Domingues, 9 anos. Eles não podem mais ficar com os pais, presos desde sexta-feira passada acusados de responsabilidade na morte de Giovane, 8 anos, o outro filho do casal.

O garoto morreu no dia 23 de dezembro, asfixiado por lombrigas. O excesso de vermes interrompeu as vias respiratórias, causando a morte dele por sufocamento. Giovane chegou a ser levado pela mãe ao posto de saúde de Imbaú, a 19 quilômetros de Telêmaco Borba (Campos Gerais), cidade onde morava com a família, mas chegou morto ao local.

Ontem, os irmãos passaram por uma bateria de exames, além de continuarem tomando medicamentos para conter as lombrigas. Jean chegou a ficar cinco dias em um hospital de Telêmaco Borba para passar por um tratamento. "Se ele continuasse daquele jeito, morreria em poucos dias", relata a coordenadora do setor de epidemiologia de Imbaú, Carla Gomes da Silva. Com fraqueza, ele ainda tem dificuldades para ficar em pé e caminhar.

O carvoeiro Odilon Domingues, 26 anos, e a esposa Cleunice Aparecida Lemes, 24 anos, podem perder a guarda das crianças. A Promotoria de Justiça de Telêmaco Borba vai pedir que os filhos do casal continuem na instituição onde estão ou sejam encaminhados para adoção.

O casal continua preso na Delegacia de Telêmaco Borba, acusado de abandono de incapaz. A negligência dos pais motivou a delegada que cuida do caso, Mônica Meister, a ir a casa onde eles moravam, em um bairro às margens da PR-160, e constatar as péssimas condições de higiene. Dentro da casa foram encontradas comidas em estado de decomposição, sujeira, baratas e moscas. Além disso, o banheiro ficava fora da casa e não existia água potável. "Eu os prendi porque quis prevenir a morte das outras crianças", afirma.

A delegada argumenta que o estado da casa não é em conseqüência da falta de condições financeiras da família. Na hora em que foi preso, por exemplo, Odilon tinha R$ 713 na carteira.

Detido em flagrante, o casal espera um parecer da Justiça para conseguir o alvará de soltura e responder o processo em liberdade. A pena varia de seis meses a 3 anos de prisão. O pai se recusa a comentar o caso, até mesmo a prestar depoimento na delegacia. "Ele tem o direito de permanecer calado e disse que só vai se pronunciar perante o juiz", diz a delegada. Já a mãe alega que sofre de problemas de visão, e por isso a casa estava em péssimas condições de higiene.

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