• Carregando...

Dois irmãos do manifestante assassinado na semana passada, no bairro Umbará, durante um protesto de moradores, contestaram, nesta quarta-feira (18), o depoimento de uma microempresária que se apresentou à polícia, como autora do homicídio. Luiz Cleverson de Andrade, de 28 anos, morreu por volta das 23 horas de quinta-feira (12), em um protesto organizado por moradores, para cobrar a instalação de redutores de velocidade na Rua Nicola Pellanda.

De acordo com a delegada Vanessa Alice, titular da Delegacia de Homicídios (DH), acompanhados de um advogado, os familiares da vítima reiteraram que o crime teria sido cometido por um homem alto, magro, de barba e grisalho. Eles alegam que a microempresária que se apresentou à DH na segunda-feira (16) estaria tentando encobertar o verdadeiro autor do crime.

"Consideramos essa hipótese muito improvável. Todos os detalhes apontam que a mulher cometeu mesmo o crime. Ela se apresentou com um carro idêntico ao que foi usado no incidente e entregou a arma que teria usado. Vamos investigar se este homem existe, mas para a polícia, o caso está praticamente solucionado", disse Vanessa.

A delegada aguarda a chegada de exames balísticos, que devem apontar se os tiros que mataram o manifestante partiram do revólver calibre 38 que a acusada entregou à polícia. O veículo – um Toyota Corolla – foi periciado e constatou-se que há avarias compatíveis com as que a mulher disse que os manifestantes provocaram no carro. De acordo com Vanessa, a microempresária será indiciada por homicídio, mas responderá pelo crime em liberdade, já que não tem antecedentes, se apresentou espontaneamente e está contribuindo com as investigações.

O caso

Luiz Cleverson de Andrade participava de uma manifestação no bairro Umbará, iniciada depois que três pessoas foram atropeladas na Rua Nicola Pellanda. Por volta das 23 horas, a microempresária passava pela rua, quando se deparou com os entulhos com os quais os manifestantes bloqueava a rua.

Ela contou a polícia ao parar o carro, seis homens aparentemente embriagados cercaram o veículo, desferindo socos e chutes contra a lataria. A mulher pensou que seria assaltada e disse que abriu a janela do carro e disparou duas vezes. Andrade foi atingido no peito e morreu no local.

Atropelamentos na Nicola Pellanda

No dia 12, três pessoas foram atropeladas na Rua Nicola Pellanda. O primeiro caso aconteceu no período da manhã, quando o garoto Eduardo Padilha Ramos, de 11 anos, foi atropelado por um caminhão. O motorista foi agredido por moradores, precisou ser hospitalizado com ferimentos leves e foi liberado em seguida.

O menino foi socorrido e ainda está internado em estado grave no Hospital do Trabalhador. De acordo com a assessoria de imprensa, ele permanece na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), respira sem a ajuda de aparelhos, mas apresenta dificuldade para se alimentar.

Após o atropelamento da criança, moradores decidiram bloquear a rua para reivindicar a instalação de um semáforo e de redutores de velocidade. No fim da tarde, no entanto, quando o protesto já tinha sido finalizado, Maria do Rosário Melo, de 56 anos, e a neta, de 7 anos, também foram atropeladas. A mulher morreu no local e a criança foi hospitalizada e recebeu alta na sexta-feira (13).

Após o segundo acidente, moradores voltaram a bloquear a rua. Neste segundo protesto, Cléverson de Andrade, que é tio do garoto que havia sido atropelado pela manhã, foi assassinado.

Confira no mapa o local onde aconteceram as manifestações no bairro Umbará.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]