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Cabeças de fêmur estavam acondicionadas em sacos plásticos | Divulgação/ Polícia Civil
Cabeças de fêmur estavam acondicionadas em sacos plásticos| Foto: Divulgação/ Polícia Civil

16 cabeças de fêmur, 89 frascos com pedaços de ossos e 46 frascos com ossos moídos em um liquidificador, imersos em uma solução de soro fisiológico, foram apreendidos pela polícia.

Risco

Ossos clandestinos podem contaminar pacientes, diz Vigilância Sanitária

"De uma forma grosseira, nunca tinha me deparado, em Londrina, com um comércio de órgãos e pedaços de corpo humano dessa maneira", reagiu Rogério Lampe, gerente da Vigilância Sanitária Estadual, integrante da investigação. Segundo o gerente, a existência do banco de ossos clandestinos configura crime contra a saúde pública porque a procedência "duvidosa" dos materiais pode colocar em risco pacientes que recebem enxertos a partir dessas matrizes apreendidas.

"As pessoas podem contrair doenças como hepatite ou aids", explicou. No começo da noite de ontem, Lampe ainda checava dezenas de notas fiscais, recibos e ordens de pagamento para tentar encontrar novos dados sobre o "caminho" do mercado de ossos. "Vamos analisar o material biológico e ver se encontramos mais informações para achar a origem dos ossos".

Dois irmãos foram presos por tráfico e comércio de órgãos em Londrina em uma investigação até então sigilosa do Núcleo de Repressão aos Crimes contra a Saúde (Nucrisa), de Curitiba. A operação culminou com a descoberta de um banco clandestino de ossos humanos em uma casa no Jardim Cláudia, na zona sul da cidade, ontem de manhã.

Segundo a Polícia Civil, a dupla presa abastecia, via correios, "mercados" de dentistas em várias partes do país. Monitoradas, as correspondências com os materiais tinham como destino os estados de Minas Gerais (Belo Horizonte), Pará (Belém), Santa Catarina (Chapecó), Goiás e Mato Grosso. A Polícia Civil atesta que pequenos frascos com ossos eram vendidos por valores de R$ 180 a R$ 250. A suspeita é de que o comércio clandestino operava desde 2004.

Kléber Barroso Cavalga foi preso em casa, em um apartamento na Gleba Palhano, onde foram apreendidas quatro cabeças de fêmur sem origem comprovada. Com o irmão Carlo Keith Barroso Cavalca, morador do Jardim Cláudia, não havia ossos, mas ele acabou detido porque a Justiça tinha um mandado de prisão em seu nome, assim como o irmão.

Na casa e no apartamento dos irmãos foram apreendidos 16 cabeças de fêmur, 89 frascos com pedaços de ossos e 46 frascos com ossos moídos em um liquidificador, imersos em uma solução de soro fisiológico. Havia ainda sete embalagens com partículas de ossos e uma embalagem com fragmentos de ossos do quadril. "A quantidade de vítimas é incalculável", declarou a delegada do Nucrisa, Samia Coser, por meio da assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública. Hoje, às 10 horas, novas informações devem ser reveladas em uma entrevista coletiva na sede da delegacia central.

A delegada explicou desconhecer como os ossos foram extraídos dos doadores, bem como era feito o transporte e acondicionamento dos materiais. "Na casa do Kléber, por exemplo, encontramos cabeças de fêmur armazenadas no freezer na cozinha dele", descreveu a delegada. A Vigilância Sanitária informa que a armazenagem correta dos materiais deve ser feita em pelo menos dois equipamentos de resfriamento, com temperaturas que cheguem a até 80ºC negativos.

O Nucrisa teve suporte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e das vigilâncias sanitárias do estado e da prefeitura de Londrina.

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