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Medida de Richa veio após anúncio do fim do subsídio | Henry Milléo / Gazeta do Povo
Medida de Richa veio após anúncio do fim do subsídio| Foto: Henry Milléo / Gazeta do Povo

Folha de pagamento

Desoneração da folha também terá impacto no cálculo da tarifa

Uma lei federal de setembro do ano passado mudou a cobrança previdenciária de diversos setores, inclusive de empresas de transporte coletivo de passageiros. Com isso, o governo desonerou a folha de pagamento, mas compensou cobrando 2% em cima do faturamento dessas empresas. A medida foi adotada pelas empresas que operam em Curitiba e região metropolitana. Segundo a Urbs, gestora do sistema, o impacto é de redução de 4,5% da tarifa e já foi contabilizado para o cálculo da nova tarifa técnica.

Manifesto

Na tarde de ontem, prefeitos de 12 dos 14 municípios da Rede Integrada de Transporte (RIT) da região de Curitiba assinaram um manifesto em defesa da integração e do subsídio à tarifa de ônibus. O documento será encaminhado ao governo do Estado. Apenas Bocaiuva do Sul e Itaperuçu não assinaram. "A iniciativa do governador (de isentar o ICMS do diesel) é importante, mas não substitui o subsídio. Cálculos preliminares indicam que a isenção do diesel deva ter um impacto de três a quatro centavos na tarifa. O subsídio cobre cerca de 18 centavos", afirmou o prefeito de Curitiba Gustavo Fruet.

Anunciada ontem pelo governador Beto Richa (PSDB), a isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que incide sobre o diesel usado para transporte coletivo deve gerar uma redução de até R$ 0,04 na tarifa da Rede Integrada de Transporte (RIT), de acordo com cálculos preliminares feitos pela prefeitura de Curitiba. A proposta só valerá para cidades com transporte integrado à região metropolitana – no estado, apenas a capital se enquadra.

Segundo Richa, um projeto de lei para essa desoneração será enviado para a Assembleia Legislativa na próxima segunda-feira. A expectativa é de que o projeto seja apreciado e aprovado em até 30 dias. "Imagino que nenhum deputado vai votar contra um benefício tão grande como esse, em que o estado está abrindo mão da receita de ICMS de óleo diesel do transporte público", diz.

O presidente da assembleia, deputado Valdir Rossoni, já garantiu que o projeto será votado com urgência. Para o prefeito Gustavo Fruet (PDT), a medida é importante, mas pouco significativa. "Mesmo com essa isenção e o reconhecimento de que o sistema precisa do subsídio, o impacto não é expressivo na composição da tarifa", pondera.

O presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), João Eloi Olenike, concorda que a isenção não trará grande redução ao preço final da tarifa. "Toda desoneração é uma coisa boa, desde que por outro lado não se aumente o ICMS de outro produto para compensar a renúncia fiscal e a perda da arrecadação", diz.

Compensação

A isenção do ICMS do diesel pode ser considerada uma compensação pelo fim do subsídio que o governo estadual concedeu ao transporte coletivo de Curitiba e região no ano passado. Até maio, a prefeitura de Curitiba vai receber um total de R$ 64 milhões, referentes à compensação entre o valor da tarifa técnica e a passagem paga pelo usuário nos últimos 12 meses.

Por outro lado, com a isenção do ICMS do diesel e uma redução de até R$ 0,04 por passagem, a economia será de R$ 12,1 milhões por ano, considerando a expectativa da Urbs de atender 302,5 milhões de passageiros.

Londrina, Maringá, Foz do Iguaçu, Cascavel, Ponta Grossa e Paranaguá têm seus sistemas de transporte licitados, mas não fazem integração com outras cidades. O anúncio do benefício também foi feito pensando em mudar essa realidade. "Acima de tudo, essa medida do governo pode estimular a integração metropolitana do transporte publico nessas grandes cidades", disse o governador.

Reajuste salarial segue sem definição

A primeira audiência na Justiça do Trabalho entre o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc) e o Sindicato das Empresas de Transporte Urbano e Metropolitano de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) terminou sem acordo. O sindicato patronal ofereceu reajuste salarial de 8,02%, um pouco acima da reposição da inflação do período, acumulada em 6,63%. Os trabalhadores não aceitaram a proposta. Eles reivindicam aumento de 30% sobre o salário e reajuste de 100% do auxílio alimentação.

O encontro de ontem foi mediado pelo desembargador Altino Pedrozo dos Santos, que pediu aos trabalhadoresque não deflagrassem greve enquanto acontecem as negociações. Segundo o Sindimoc, o pedido será atendido. Também participaram do encontro representantes da prefeitura e Urbs.

Sem essa definição, a prefeitura de Curitiba não pode divulgar o novo valor da passagem, já que o gasto com pessoal corresponde a 45,37% da composição da tarifa. O prefeito Gustavo Fruet (PDT) garantiu que o valor não deve passar de R$ 3. "Às vezes para uma pessoa, R$ 0,10, R$ 0,15 não fazem diferença, mas para quem ganha um salário mínimo isso é importante. Vamos brigar por cada centavo", afirma.

(Colaboraram Patrícia Pereira e Polliana Milan)

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