| Foto: Aniele Nascimento / Gazeta do Povo

Histórico

Réptil não é o primeiro animal a surpreender pessoas no Barigui

Em 2007, um outro jacaré-de-papo-amarelo já tinha aparecido no Parque Barigui. Batizado com o nome do parque, tinha 3 metros e foi recolhido um ano depois para o Zoo, após matar um cachorro da raça poodle que passeava às margens do lago e o provocou.

Em 2012, um outro jacaré, de 1,80 metro, foi capturado por equipes da secretaria e levado para uma fazenda de turismo ecológico em Aquidauana, no Mato Grosso do Sul. Chamado de "Jack", era da espécie jacaré-do-pantanal, não típica do Paraná. Acredita-se que ele tenha sido abandonado no parque.

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Um ilustre novo morador (ou visitante, ainda não se sabe com certeza) dos lagos do Parque Barigui mobilizou equipes da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) e do Zoológico de Curitiba ontem de manhã. O grupo aguardou, pacientemente, que um jacaré avistado recentemente por frequentadores do parque desse o ar da graça. A partir de agora, o animal deve ser monitorado até a secretaria decidir qual será seu destino.

Ainda não há certeza sobre a espécie, mas o mais provável é que seja um jacaré-de-papo-amarelo (foto) ainda jovem, de cerca de 80 centímetros. Por ser espécie nativa da região, acredita-se que ele chegou aqui pelo Rio Barigui, em um movimento migratório normal da espécie. Ou seja, naturalmente, ele pode ficar ou seguir viagem.

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De acordo com Alexan­der Biondo, diretor do De­partamento de Pesquisa e Conservação da Fauna da SMMA, a intenção é mantê-lo no local, uma vez que o ambiente é bastante semelhante ao seu habitat natural, o pantanal: área úmida e plana com margens ricas em vegetação. "Nós queremos informar a população sobre o respeito ao animal em seu habitat natural. O jacaré é um animal esquivo, que tende a se esconder de humano, então ele não vai atacar gratuitamente, apenas se for provocado ou ameaçado. Além disso, ele possui flora e fauna suficientes para não precisar sair do lago", esclarece Biondo.

O veterinário citou um fenômeno contemporâneo, chamado biofobia, que explica o fato de as pessoas que têm medos dos animais desejarem retirá-lo de seus habitats naturais. Ele citou o exemplo do Lago da Pampulha, em Belo Horizonte, de onde as capivaras têm sido retiradas. "É um absurdo. Tem de haver convivência pacífica".

Caso se decida por manter o animal no parque, a SMMA estuda cercar o lago ou um parquinho para crianças que fica próximo ao local; como jacarés não escalam e nem fazem longos trajetos fora da água, um cercado baixo seria o suficiente para evitar o contato entre pessoas e animais de estimação que frequentam o parque.

A bióloga Nancy Banevicius, chefe do Zoológico, explica que se o jacaré for mesmo da espécie papo-amarelo é mais provável que ele fixe residência no parque. "Se ele for de espécie nativa, a melhor solução é delimitar a área dele com telas e deixá-lo aqui. A outra alternativa é soltá-lo na região da Serra do Mar, com apoio do Ibama. Levar para o zoológico é a última opção, porque já abrigamos um jacaré macho dessa espécie e não temos espaço adequado para outro, já que eles brigam".