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O deputado federal José Janene (PP-PR) e o prefeito de Londrina, Nedson Micheleti (PT), atacaram ontem o deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), acusando-o de pedir dinheiro em troca de apoio no segundo turno das eleições municipais de 2004. Na época, Nedson enfrentou o candidato Antonio Belinati e obteve a reeleição. A reportagem é do Jornal de Londrina.

Janene acusaCoordenador da campanha de Belinati no ano passado, Janene deu ontem entrevista a uma TV local, e afirmou que Hauly o procurou logo depois de sair o resultado do primeiro turno das eleições, pedindo pagamento das dívidas de campanha do PSDB (no primeiro turno, Hauly ficou em terceiro lugar). "Não quero faltar com a verdade. Tive uma conversa direta com o Hauly. Ele pediu dinheiro em troca de apoio no segundo turno. O deputado disse que já havia pedido dinheiro à campanha do Nedson, mas preferiria fechar conosco, porque não gostaria de apoiar o PT", relatou Janene. Ao ser questionado sobre os valores envolvidos, Janene esquivou-se. "Não gosto de falar em números."

No segundo turno, Hauly manteve neutralidade – não apoiou nenhum dos candidatos. Parte do PSDB, no entanto, apoiou Nedson – inclusive o candidato a vice de Hauly, Wilson Moreira.

Nedson confirmaO prefeito Nedson Micheleti confirma o encontro com Hauly – e o pedido de dinheiro. Segundo Nedson, o encontro foi solicitado pelo deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB) em meados do mês de outubro. "Houve uma conversa particular entre duas pessoas, não há prova, não há filme, não há gravação. Mas não vou negar que aconteceu, e agora (a notícia) saiu pelo outro lado (deputado José Janene)", disse o prefeito. A conversa aconteceu durante o dia, numa sala do Hotel Bourbon, localizado no centro de Londrina.

Hauly teria pedido R$ 500 mil ao prefeito, dizendo que precisava do dinheiro para saldar dívidas contraídas durante sua campanha para prefeito no ano passado. A quantia garantiria o apoio do deputado a Nedson no segundo turno, e poderia ser paga em duas parcelas de R$ 250 mil – uma no ato, e outra depois das eleições. "Eu relatei que não tinha como ajudar com dinheiro, poderia oferecer participação no governo em troca do apoio, a gente estava precisando desse apoio, e que eu nem conhecia pessoas que pudessem ajudar com essa quantia", afirmou Nedson.

Diante da negativa do prefeito, o tucano teria informado que levaria o PSDB a não apoiar o PT no segundo turno em Londrina. "No final da conversa ele disse que ia conversar com o Janene para tentar dar um jeito nas pendências. Dias depois o PSDB anunciou neutralidade no segundo turno, e fomos apoiados pelo Wilson Moreira e por setores do PSDB", relatou.

Hauly se defendeO deputado Luiz Carlos Hauly classificou como "lamentáveis" as declarações de José Janene e a versão do prefeito Nedson. "É uma manobra diversionista. Estão dizendo que sou o responsável pelas denúncias contra o PT em Londrina. Mas estou calejado de discussões com o PT e com o Janene há mais de 20 anos", disse Hauly. Na avaliação do deputado, existe uma "orquestração" contra ele. "Lamento profundamente que a mídia dê espaço a esse tipo de pronunciamento (José Janene), eu não gosto dele e ele não gosta de mim. Eu e a imprensa somos vítimas dessa manobra", afirmou.

Soraya na "Istoé"A ex-assessora do PT londrinense Soraya Garcia voltou às manchetes – mas, desta vez, na imprensa nacional. Na revista "Istoé" desta semana, ela volta a denunciar a existência de caixa 2 na campanha de Nedson Micheleti (PT) em 2004. Mas, desta vez, Soraya focaliza nomes mais conhecidos nacionalmente: entre eles, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e o empresário e publicitário Marcos Valério.

Soraya conta ter visto dinheiro em sacolas durantes visitas de Paulo Bernardo à Cidade, na época da campanha. Cita ainda nomes de apoiadores de Nedson que teriam aluguéis de carros pagos pela empresa Yaktur, de Curitiba, para lideranças empresariais e políticas que apoiaram Nedson. Ao procurar a empresa curitibana para discutir o conserto de um dos carros, Soraya teria sido orientada a ligar para a empresa SMP&B, de Marcos Valério. O depoimento de Soraya à CPI dos Correios está marcado para 4 de outubro.

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