• Carregando...

Brasília – Do dia para a noite, o carioca que venceu a eleição para o governo da Bahia, Jaques Wagner (PT), passou a ser festejado como um dos fenômenos eleitorais de 2006. Virou a estrela da campanha petista no segundo turno nos estados e hoje é abordado em aeroportos. Antes mesmo de ocupar o Palácio de Ondina, depois de 16 anos de domínio do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL), Wagner é apontado como um dos governadores mais influentes da nova safra em função, principalmente, de sua amizade com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Amargurado com o primeiro turno da eleição, Lula consolou-se na vitória de Wagner. Chamou-o para levantar o astral e subir em seu palanque no segundo turno. Wagner e a mulher, Maria de Fátima Carneiro de Mendonça, a Fatinha, hospedaram-se no Palá-cio da Alvorada.

Determinado a concorrer pela segunda vez ao governo baiano e confiante de que venceria o pefelista Paulo Souto, com quem disputara em 2002, Wagner deixou o posto de ministro da Articulação Política, em abril, contra a vontade de Lula.

"Fui para a articulação política quando a gente nem sabia se ia sobreviver à crise política. Quando deixei o governo e fui para a Bahia, também não sabia se iria ganhar. Ganhamos. Então, agora, quero é governar", diz.

Até Lula considerava a eleição na Bahia perdida. Queria manter Wagner no governo até para evitar que o amigo sofresse nova derrota. Uma semana antes da eleição, Wagner avisou-o que ganharia. Mas Lula não acreditou no "Galego".

O presidente dava como perdido o projeto de poder do PT para 2010. Com José Dirceu e Antônio Palocci atingidos por escândalos, trabalhava com alternativas, como o ex-ministro Ciro Gomes (PSB), e tentava atrair até o tucano Aécio Neves (MG) para o PMDB. Mas a vitória de Wagner animou-o. Em pelo menos duas conversas reservadas, Lula disse que ele pode ser a opção para 2010. Mas o governador eleito desconversa:

"Não me acho importante nem quero ser um metido a besta com essa história de ficar sendo apontado candidato. Depois vão achar que sou pedante."

Pai de três filhos, Wagner nasceu no Rio e entrou na política em 1968, no movimento estudantil. Presidiu o diretório acadêmico da Faculdade de Engenharia da PUC, mas, clandestino nos anos 70, foi para a Bahia, onde passou a trabalhar no pólo petroquímico de Camaçari, como técnico em manutenção.

Lá começou a atuar como sindicalista e ajudou a fundar o PT e a CUT no início dos anos 80. É dessa época a amizade com Lula, fortalecida por influência da mulher. Lula não passava pela Bahia sem comer sua moqueca.

"É a primeira vez que vejo uma mistura de carioca com baiano dar certo", brinca o líder do PTB, José Múcio (PE).

O deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), antes um crítico feroz, fechou aliança com Wagner nessa eleição. "Gostaria até que fosse mais arrojado. Mas, talvez por isso, é ele o governador, não eu."

O senador Antônio Carlos minimiza o impacto da vitória. "A vitória não é de Wagner, é de Lula, sempre muito popular."

Mas é no PT que o governador eleito tem sido alertado sobre as dificuldades que terá. "A Bahia será um dos maiores desafios do PT, porque o carlismo é atacado, mas tem trabalho realizado. É preciso valorizar e reconhecer isto. Não será fácil essa substituição", aconselha o governador Jorge Viana (PT-AC).

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]