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Prefeitura acredita que Copa do Mundo influenciou o desinteresse pela adoção do Jardim Botânico | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Prefeitura acredita que Copa do Mundo influenciou o desinteresse pela adoção do Jardim Botânico| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Curitiba

Quatro praças estão sob os cuidados da iniciativa privada

Atualmente, quatro praças estão adotadas em Curitiba. A Alcides Munhoz Neto, no Hugo Lange, é mantida pela Escola Terra Firme. No Alto da XV, o Hospital Menino Deus faz a manutenção da Praça Hipólito Rauski. Já a empresa Higi Serv Limpeza adotou a Praça Almyr Ayres de Arruda, no São Braz. O empresário José Maurício da Costa Marques adotou a Praça Mario Eppinghauss, que fica na Rua José de Alencar, no Juvevê. Apesar da adoção estar no nome dele, o dinheiro para a manutenção é arrecadado na Feira Gastronômica realizada no local. "A prefeitura deixa de gastar R$ 2 mil por mês ali. Não era um espaço abandonado, mas não tinha atividade. Resolvemos cuidar e fazer alguma coisa com a comunidade."

Apesar do potencial publicitário do principal cartão-postal de Curitiba, não houve empresas interessadas em adotar o Jardim Botânico neste ano. As duas concorrências públicas abertas pela prefeitura – em dezembro e no início de 2014 – para a manutenção do espaço, com contrapartida de exploração publicitária, não tiveram interessados. Sem adoção, o município assumiu os serviços de limpeza e conservação do local, que têm custo médio mensal de R$ 100 mil. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente estuda abrir novo edital até o começo de 2015.

Se, aos olhos de quem visita o parque esporadicamen­te, nada mudou, para os frequentadores assíduos, o Jardim Bo­tânico está diferente de uns meses para cá. "Era bem limpo. Você não via um papel. Agora está cheio de folhas ali atrás. Uma lixarada", reclama o casal de aposentados Alice e Idulino Bonamigo, que caminha diariamente no local há dez anos. Os dois desconheciam o desinteresse de empresas em adotar o espaço. "Aquele barracão ali está uma vergonha, destelhado, com vidro quebrado", acrescenta Alice, apontando o Espaço Cultural, que fica ao lado da emblemática estufa.

Impressão diferente é a de quem fica na parte central do parque. "Parece em or­dem. A grama está aparadi­nha, está limpo", considera a funcionária pública Neusa Inglês, 49 anos. Nas caminhadas semanais que faz pelo Botânico, o gerente comercial Mauro Cesar Janz, 43 anos, notou pequenos detalhes desde que a prefeitura retomou a manutenção do espaço. "A iluminação tem sido ligada mais tarde. Também notei menos guardas. Não sei se tem relação com isso", pondera. Sobre a limpeza, ele não tem queixas.

Novo processo

O superintendente de Obras e Serviços da secretaria, Alfredo Trindade, explica que a licitação anterior era renovada anualmente, sem reajuste de valor. "Fizemos uma reavaliação do valor, com base em custo de espaço publicitário real. As empresas optaram por não participar, mas devem estar reconsiderando. Estamos estudando a montagem de um novo edital." Ele avalia que as empresas devem ter investido em mídia com mais antecedência por causa da Copa do Mundo, o que teria atrapalhado a adoção.

1.080 espaços estão disponíveis para parcerias

Desde 2008, uma empresa privada responsável pela manutenção do Jardim Botânico vendia ao O Boticário o direito de veicular placas publicitárias no local, segundo normas preestabelecidas pela prefeitura. O trabalho de limpeza, readequação e recuperação dos espaços era feito por uma equipe de 16 pessoas – entre roçadores, coletores, varredores e jardineiros.

Segundo a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, uma das exigências mais complexas do edital de dezembro era a lavagem semestral de três estufas, que totalizam mais de 2 mil metros quadrados, usando uma técnica específica. Nos quatro anos anteriores, era a Natura quem arcava com os serviços de manutenção. Os valores da licitação não foram divulgados.

A adoção de espaços públicos por pessoas físicas e jurídicas é prevista na legislação municipal (Lei 11.642/2005, decreto 666/2013). "Temos 1.080 espaços para fazer manutenção. Então, se uma escola ao lado de uma praça quer usar esse espaço com as crianças, pode pleitear para assumir a manutenção. Ou alguém que queira homenagear o parente que dá nome ao local. Basta procurar a prefeitura", diz o superintendente Alfredo Trindade.

No caso do Jardim Botânico, a adoção inclui pintura, corte de grama, poda de árvores, varrição e substituição de flores. Para a limpeza diária, 10 funcionários pagos pela prefeitura trabalham no local. Quando há necessidade de roçagem ou troca de flores, a equipe conta com reforço. "Como não houve interesse, isso foi absorvido dentro de nossos contratos de manutenção", afirma Trindade.

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