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Brasília – O ministro da Defesa Nelson Jobim (Defesa) minimizou ontem o seu encontro com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), quando teriam supostamente discutido detalhes sobre o processo a que o peemedebista responde por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética. A reunião aconteceu no sábado. Jobim afirmou não ter discutido com Renan a tramitação do processo e um eventual recurso de aliados do peemedebista para que a votação do caso seja secreta no Conselho de Ética.

Jobim disse que se reuniu com Renan para levar "solidariedade e cortesia", uma vez que ambos são colegas de partido, o PMDB. "O senador foi muito leal comigo quando houve a disputa no PMDB e eu não poderia deixar de fazer a visita", disse. "Não cabe ao Executivo e o presidente tem dito que não cabe a nós, do Executivo, fazer isso (interferir no processo)", completou.

O ministro deixou a casa de Renan no carro do advogado do senador, Eduardo Ferrão – de quem foi sócio em um escritório de advocacia. No encontro, Jobim e Ferrão aconselharam Renan a divulgar nota oficial em que rebateu as novas acusações de que seria integrante de um esquema de lavagem e desvio de dinheiro público, além de pagamento de propina, envolvendo ministérios comandados pelo PMDB.

O ministro negou qualquer interferência de sua parte no processo contra Renan – mas admitiu que o peemedebista lhe pediu conselhos. "Não me cabe dar conselhos. Além disso, ele está muito bem assessorado por um ex-aluno meu (Ferrão). Não há necessidade de conselhos. Ele sabe o que está fazendo", afirmou.

Integrantes do Conselho de Ética do Senado criticaram o encontro do ministro com o presidente do Senado. O senador Jefferson Peres (PDT-AM) considerou a reunião uma "promiscuidade", uma vez que a votação do processo contra Renan está marcada para a próxima quarta-feira no conselho.

Renúncia

Depois de participar de cerimônia de troca da bandeira na Praça dos Três Poderes ontem, em Brasília, Jobim também descartou a possibilidade de Renan renunciar ao mandato em meio ao processo por quebra de decoro parlamentar. O ministro disse, no entanto, que Renan defende que o processo termine "o mais rápido possível" porque está "cansado e ansioso". Jobim afirmou temer que o prolongamento do processo contra Renan no Conselho de Ética prejudique os trabalhos do Senado Federal. "É preciso resolver logo esse problema, porque caso contrário nós prolongamos e prejudicamos o andamento dos trabalhos", afirmou.

Segundo Jobim, políticos têm "agonias" quando ocupam cargos públicos. "As agonias do senador são grandes, ou seja, a cada dia elas se renovam e se agravam", disse.

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