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Décio Sá estava em um bar quando um homem chegou em uma moto e fez os disparos | Biaman Prado/O Estado do Maranhão/AE
Décio Sá estava em um bar quando um homem chegou em uma moto e fez os disparos| Foto: Biaman Prado/O Estado do Maranhão/AE

Represálias

Brasil ocupa 11.º lugar em ranking de impunidade

O Brasil ocupa a 11ª colocação no ranking de países em que os assassinatos de jornalistas mais ficaram impunes, segundo a organização não governamental (ONG) Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ). Os piores na América Latina são Colômbia (5º lugar), México (8º lugar) e Brasil (11º lugar).

No mundo, os líderes em violência contra jornalistas são Iraque (primeiro), Somália (segundo) e Filipinas (terceiro), segundo o Índice de Impunidade criado pela CPJ.

Em carta enviada à presidenta Dilma Rousseff na semana passada, o diretor executivo do CPJ alertou sobre a situação brasileira. "O Brasil consta pelo segundo ano consecutivo do Índice de Impunidade 2012 do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), que calcula o porcentual de casos não solucionados de assassinatos de jornalistas em relação à população de cada país", diz o documento.

Um jornalista maranhense foi assassinado com cinco tiros, na cabeça e nas costas, na segunda-feira à noite em São Luís (MA). Décio Sá tinha 42 anos e estava em um bar quanto foi vítima do crime. Segundo a Associação Nacional dos Jornais (ANJ) foi "o quarto assassinato de jornalista só neste ano no Brasil".

Segundo testemunhas, o assassino – um homem corpulento de pele morena e cabelos lisos – entrou no bar onde Sá esperava um conhecido, na Avenida Litorânea. Foi ao banheiro e, na volta, fez os disparos, cruzou a rua, subiu calmamente em uma moto e desapareceu.

Jornalista há 17 anos, Décio Sá era repórter de O Estado do Maranhão, jornal pertencente à família Sarney. Escrevia diariamente o Blog do Décio, um dos mais acessados na política maranhense. Segundo a dona do bar, Jaqueline Moreira, ele ainda teria dito: "não faz isso não..." antes de levar os tiros. Décio deixa a mulher, grávida, e uma filha de 8 anos. "Não temos a menor dúvida de que o crime está ligado ao exercício profissional do jornalista, que era combativo e polêmico", afirmou o secretário de Segurança do Estado, Aluísio Mendes, que logo desencadeou uma intensa operação de buscas na região. Mais de 20 pessoas já foram convocadas para ajudar a compor um retrato falado do criminoso.

A polícia não descarta investigar a atuação de pistoleiros em algumas regiões do interior como parte das apurações da morte do jornalista. Uma das últimas reportagens publicadas pelo blogueiro fazia referência ao julgamento marcado para hoje, no município de Barra do Corda, dos acusados de matar em 1997 o líder comunitário e sem-teto Miguel Pereira Araújo, conhecido como Miguelzinho.

Pesar

Em nota, a ANJ lamentou a morte de Décio, "em decorrência da corajosa cobertura que fazia dos crimes de pistolagem no Maranhão". De Nova York, o diretor do Comitê de Proteção aos Jornalistas, Carlos Lauria, se diz "profundamente entristecido" e adverte para o "terrível registro de impunidades" desse tipo de crime no país.

O presidente do Senado, José Sarney – que teve alta ontem do Hospital Sírio-Libanês – definiu o crime como "hediondo, brutal e cruel" e o considera "um atentado à democracia".

A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) afirmou estar "extremada indignação" com o crime e fez um apelo à presidente Dilma Rousseff para que "determine à Polícia Federal que acompanhe as investigações".

Impunidade

O atentado em São Luís ocorre um dia depois de a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) ter pedido ao Brasil, em sua reunião em Cádiz, na Espanha, que combata com maior vigor a impunidade dos crimes contra jornalistas no país.

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