A jornalista Nana Queiroz, de 28 anos, trocou de lugar na semana passada e virou notícia. Foi dela a ideia de promover nas redes sociais a campanha "Não mereço ser estuprada", em que uma legião de mulheres tiraram fotos de si mesmas de topless, com a frase estampada no corpo ou em um cartaz. A foto de Nana foi tirada na frente do Congresso Nacional. A iniciativa surgiu depois de divulgada uma pesquisa do Ipea que apontou que 65% dos entrevistados consideravam que mulheres de roupa curta mereciam ser estupradas.
Ainda na quinta-feira, durante a manifestação, Nana recebeu apoio de centenas de mulheres via redes sociais, mas também foi ameaçada de estupro. No blog do jornalista Leonardo Sakamoto, ela desabafou: "senti na pele a fúria revelada pela pesquisa". Ainda no fim de semana, Nana disse que levaria as ameaças à polícia. Entre as postagens ofensivas, um internauta chegou a dizer que já tinha estuprado mulheres e que o faria novamente.
Ontem, a presidente Dilma Rousseff postou frases de incentivo à jornalista no Twitter. "O governo e a lei estão do lado de Nana Queiroz e das mulheres ameaçadas ou vítimas de violência. Nenhuma mulher merece ser vítima de violência, seja física ou sob a forma de ameaça. A organizadora do protesto merece toda a minha solidariedade e respeito", escreveu a presidente.
Nana diz que quando idealizou o ato não imaginou que ele tivesse tanta repercussão. "Imaginei que se eu conseguisse cem pessoas para tirar foto com a mensagem seria muito. Achei que ficaria restrito ao meu círculo de amizades. Nunca imaginei que fosse chegar na presidenta da República."
Ela conta também que quando pensou no ato conversou com o marido. "Ele disse: eu não tenho o direito de ficar desconfortável, o corpo é seu. Inclusive foi ele quem se ofereceu para tirar a foto."
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