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A família de Tiago da Silva, 16 anos, aguarda para os próximos dias o resultado do exame de pólvora feito nas mãos do adolescente, que se encontra internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa. Tiago foi baleado no último sábado em Cambé pelo PM Eduardo Nunes. A família espera comprovar que o jovem não portava arma, quando foi alvejado, conforme acusa Nunes. Tiago foi atingido nas costas e perdeu os movimentos abaixo da cintura. Ele deverá passar hoje por uma cirurgia.

A delegada do 1º Distrito Policial de Cambé, Josane Caldardo, esteve ontem de manhã na Santa Casa para colher o depoimento de Tiago. O adolescente confirmou a versão apresentada à delegada por quatro testemunhas, segundo a qual ele teria sido perseguido e alvejado por Nunes. Tiago relatou à delegada que conversava com amigos na rua e, quando a viatura chegou, todos se dispersaram. Ele teria saído de bicicleta, sem pressa, e na mesma hora em que percebeu que a viatura conduzida por Nunes o seguia, sentiu o tiro.

Conforme a versão de Eduardo Nunes, os garotos teriam entrado em confronto com a polícia e duas horas depois da ocorrência, o soldado apresentou à Polícia Civil de Cambé uma arma que teria sido utilizada por Tiago. Nenhuma das testemunhas ouvidas até agora disseram ter visto os garotos portando arma.

A família do adolescente afirmou que a arma foi "plantada". "Não teve arma nenhuma. O Nunes é nosso vizinho, conhece a gente, conhecia o Tiago. Ele (soldado) confundiu meu filho com outra pessoa e atirou nele. Essa arma que foi apresentada à polícia não era do meu filho", declarou o pai de Tiago, o mototaxista Claudinei Garcia.

Hoje, Josane Caldardo deverá ouvir a quinta testemunha e, em seguida, irá encaminhar o resultado das investigações à Justiça. "Se houver necessidade, o Ministério Público poderá solicitar mais provas", disse a delegada. Se a perícia considerar necessário, poderá ser feita ainda a análise da jaqueta usada pela vítima quando foi baleada.

O soldado Eduardo Nunes está afastado de suas atividades nas ruas, exercendo apenas funções administrativas. A Polícia Militar instaurou Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar o caso. Segundo o encarregado do IPM, capitão Lenio Edison Westley Júnior, os ofícios solicitando a documentação referente ao fato estão sendo emitidos e as testemunhas devem ser convocadas para prestarem depoimento.

O capitão informou ainda que deverá protocolar um ofício na Santa Casa solicitando um atestado médico de que Tiago da Silva tem condições de depor. "Faço questão que o Ministério Público acompanhe todos os depoimentos", disse. O prazo para conclusão do inquérito é de 40 dias, prorrogáveis por mais 20.

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