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O juiz (ao lado de sua mulher) reclama que o Estado não prestou apoio à família | Alessandro Costa/Agência O Dia-AE
O juiz (ao lado de sua mulher) reclama que o Estado não prestou apoio à família| Foto: Alessandro Costa/Agência O Dia-AE

Rio de Janeiro - O juiz trabalhista Marcelo Alexandrino da Costa Santos, 39 anos, afirmou em entrevista ontem pela manhã que tem a intenção de entrar com um processo contra o governo estadual após ter sido baleado por policiais civis durante uma blitz no último dia 2 de outubro, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio de Janeiro.

No incidente, o filho do juiz, de 11 anos, e sua enteada, de 8 anos, também foram atingidos com tiros de fuzil. "É claro que a gente vislumbra a possibilidade de entrar com uma ação contra o governo", afirmou. O juiz teve alta médica ontem; o filho e a enteada estão internados num hospital da zona sul da cidade.

O menino teve os dois pulmões e o fígado perfurados por um tiro de fuzil e a menina teve um pulmão, o estômago e o pâncreas perfurados. O juiz classificou a recuperação dele e de sua família como um "milagre" e disse que as crianças não estão em estado grave, mas inspiram cuidados e não há previsão de alta.

A mulher dele, Sunny Lucas Mariano, 28 anos, diz que deixou de dirigir depois do ataque. "Quando vejo um policial dá até sensação de desmaio." Segundo ela, a menina "acorda de madrugada chorando e gritando." O juiz afirmou que as crianças estão apavoradas e têm sintomas semelhantes aos da síndrome do pânico.

O chefe da Polícia Civil do Rio, Allan Turnowski, visitou o juiz na última semana e na ocasião lamentou o caso e disse que já estava tomando as devidas providências.

O juiz baleado diz que ainda não tem condições de pensar se o fato de terem atirado contra ele e sua família é perdoável ou não. "Não sei se são bons filhos, bons pais ou amigos. Indepen­­den­­te­­mente de treinamento, não se deve atirar pelas costas", afirmou.

Irreconhecíveis

O juiz voltou a destacar que na hora da blitz estava escuro e não foi possível identificar os policiais porque eles estavam à paisana, sem nenhum distintivo. Ele disse que achava que era uma blitz de bandidos.

Os dois policiais presos temporariamente sob suspeita de terem sido os responsáveis pelos disparos, Bruno Rocha Andrade e Bruno Souza da Cruz afirmaram que o treinamento na academia de polícia não fora suficiente para lidar com situações que culminaram no ferimento do juiz e seus dois filhos.

Baleado

O juiz terá que fazer acompanhamento ambulatorial de equipes de cirurgia torácica e clínica – ele levou um tiro no abdômen. Segundo ele, o governo estadual ainda não ofereceu tratamento psicológico para sua família. "Eu vou ter gastos, prejuízos financeiros a partir de agora", disse. Também acrescentou que um juiz em licença tem remuneração diferente da de um juiz em atividade.

O caso

Em 2 de outubro, o juiz trafegava pela estrada do Pau Ferro, em Jacarepaguá, quando se deparou com uma fiscalização. Supôs se tratar de uma falsa blitz e decidiu voltar. Enquanto manobrava, foi baleado. Os tiros partiram da arma de Andrade, segundo a perícia da Polícia Civil.

Os seis policiais civis que participavam da blitz foram afastados de suas funções e o delegado Fábio da Costa Ferreira foi exonerado do cargo de titular da 41.º DP do Rio, onde trabalhavam os policiais.

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