Porecatu - Os cerca de 2,5 mil funcionários da Usina Central de Porecatu, na região Norte do Paraná, vão começar a receber os salários atrasados dos meses de julho e agosto a partir de hoje. O pagamento foi determinado depois que a Vara do Trabalho de Porecatu determinou o bloqueio das contas bancárias da usina para o pagamento dos vencimentos.
Os funcionários da usina estão em greve desde o dia 17 do mês passado em protesto pela falta de pagamento. A maioria dos trabalhadores é formada por cortadores-de-cana que vivem com salários que não chegam a R$ 1 mil. De acordo com o juiz Mauro Vasni Paroski, que concedeu a antecipação de tutela, as duas folhas atrasadas juntas somam cerca de R$ 3,4 milhões.
Apesar da decisão do bloqueio, a Usina Central de Porecatu encaminhou na segunda-feira uma proposta ao Ministério Público e à Vara do Trabalho, que foi aceita pelos seus representantes. Com o acordo, a Justiça bloqueou R$ 6 milhões para pagamento dos salários atrasados.
Na semana passada, o pedido de bloqueio havia sido fixado em R$ 15 milhões para também garantir o pagamento de ações judiciais que não cabem mais recursos, no valor R$ 13 milhões. No total, a usina responde a 500 ações trabalhistas que já têm decisão definitiva.
Conforme o juiz, a usina já havia feito um acordo com o Ministério Público do Trabalho para depositar em juízo todo dia 25 de cada mês R$ 500 mil para garantir o pagamento das ações dos trabalhadores. No entanto, esse pagamento não foi feito no último dia 25. "Entendi que a empresa quebrou um acordo feito com o MPT e por isso determinei o bloqueio dos R$ 15 milhões", disse o juiz ontem. Com o novo acordo, a empresa terá que depositar em juízo a partir do próximo dia 25, R$ 800 mil para garantir o pagamento das dívidas trabalhistas.
Com o dinheiro nas contas-salários, garante a direção do Sindicato dos Trabalhadores em Indústrias da Alimentação de Porecatu, os funcionários da usina voltam ao trabalho já a partir de hoje.
Mais problemas
Mas os problemas na Usina Central de Porecatu não se resumem apenas à falta de pagamento dos salários. No início de agosto, o Grupo Especial de Fiscalização Móvel do Ministério do Trabalho e Emprego esteve na região por quase duas semanas, para analisar a situação em que os trabalhadores desempenham as suas funções.
O que o grupo encontrou foram cortadores-de-cana trabalhando em situações consideradas degradantes e análogas ao trabalho escravo. O flagrante deu origem a mais um ação coletiva contra a empresa. O flagrante do grupo também gerou a interdição de parte da indústria e rescisão do contrato de trabalho com 228 funcionários.
A reportagem procurou a empresa, mas assessores da diretoria disseram que apenas o diretor administrativo da usina, José Aparecido da Silva, poderia comentar o caso, mas ele não esteve na empresa na tarde de ontem. O diretor também não retornou os telefonemas.
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